Passei os últimos anos a ouvir que o clima ia mudar. Hoje posso afirmar que o clima já mudou. Está mais quente, menos húmido, menos chuvoso e muito menos frio. Depois das vindimas vinham as geadas fortes (que faziam o vinho novo) e vinham até uns nevões para as nossas terras. Depois vinham os dias pequeninos e frios e só mais tarde uma tímida primavera, por vezes bem fresquinha e só depois a estação estival.
Hoje tudo mudou. O tempo está mesmo mudado. É quase sempre a mesma estação… E já as 4 estações não estão definidas como as estudámos. A agricultura vai ressentir-se, a água escasseia, a poluição nas grandes cidades abate-se sobre a esperança de vida, as bactérias tornam-se resistentes.
Foi tudo muito rápido. Coincidiu com a litoralização, o abandono dos campos e o crescimento das grandes cidades. Coincidiu com o aumento do número de carros em circulação, com o número de embarcações e com o número de aviões a rasgar os céus. Coincidiu também com a globalização, a tal que me permite comer manga ao almoço, vinda de muitos milhares de quilómetros de distância. Sinceramente, esta é uma liberdade que ameaça a natureza e o ambiente e não me deveria ser permitido ter essa escolha. Tal como não me deveria ser permitido viajar a meu gosto e quem sabe, segundo quotas de carbono individualmente fixadas.
Estas limitações seriam mal compreendidas e porventura não toleradas, em democracia. Mas, precisamente, com a democratização do acesso a viagens, bens de consumo e hábitos de desperdício de milhares de milhões de novos cidadãos (chineses e indianos, sobretudo), os consumos nocivos ao ambiente vão disparar e o clima vai sofrer. Muito.