As poupanças são, contudo, necessárias para gerar capital para grandes investimentos e empreendimentos futuros.

Poupar é humanamente impossível. A vida está cara (não o esteve sempre?) e os ordenados são baixos. Mas sem poupanças de hoje não se esperem grandes investimentos amanhã.

Números redondos, os Portugueses poupam 5€ em cada 100€ de rendimento, e os Alemães poupam 17€. A média na Europa ultrapassa os 12€. Por cá, toda economia está assente co consumo; no nosso ou no dos outros, que satisfaremos através das exportações ou da receção de turistas.

As poupanças são, contudo, necessárias para gerar capital para grandes investimentos e empreendimentos futuros. É com esses que normalmente os países aumentam competitividade e exportações, que o mesmo é dizer, se desenvolvem. Muitas das poupanças eram também encaminhadas para compra de dívida pública ( certificados de aforro e títulos do tesouro) na esperança de que o Estado as utilizasse bem, melhorando o futuro coletivo e remunerando essas poupanças com juros acima da média.

Na ótica do indivíduo, as poupanças são necessárias para acautelar consumos futuros – em caso de impossibilidade de se auferir rendimento num determinado período da nossa vida – ou despesas esporádicas, mas inadiáveis. Uma família que tenha baixo rendimento e/ou elevado padrão de consumo, tende a não efetuar qualquer poupança. Mas a criação de um Estado Social, previdente, que olhará por todos em caso de necessidade ou infortúnio, desvalorizou a ideia de que temos de poupar para amanhã, desde que o hoje esteja garantido.

Poupar é humanamente impossível. A vida está cara (não o esteve sempre?!) e os ordenados são baixos. Mas sem poupanças de hoje não se esperem grandes investimentos amanhã, nem coletivos (públicos), nem privados; a não ser que nos financiemos com as poupanças dos cidadãos estrangeiros, como hoje acontece. Mas para isso é necessário que os cidadãos estrangeiros aqui queiram aplicar as suas poupanças. Até hoje, não tem havido muitos problemas, apesar dos sobressaltos recentes da nossa história, que levaram a ajudas extraordinárias pelas instituições financeiras estrangeiras.

Mais de 700 mil milhões de euros aplicados ou gastos em Portugal, pelo Estado, Empresas e por cada um de nós, são fruto de poupanças de outros. É um número muito forte… Imaginem que avaliávamos os nossos ativos aos preços de hoje, uma fábrica, um equipamento, uma estrada, uma escola, as casas etc etc. e que os fossemos somando até atingirmos 700 mil milhões de euros. Seria muita casa, fábrica, máquina, estrada, hospital, etc, que estariam por pagar… Feito o exercício de outro modo, é como se somássemos bens nossos até ao valor de 70 mil euros por pessoa na família e pensássemos que estão por pagar porque é o que cada um de nós deve ao estrangeiro. Numa família de 4 pessoas, 280 mil euros estão por pagar… (caros leitores, não façam o exercício ou ficarão deprimidos ao darem-se conta de que quase tudo em que tocam está em dívida…).

Estatísticamente, os mais velhos, independentemente do rendimento, poupam mais do que os mais novos. Estes ainda têm de fazer a vida… E não sobra nada. Também não sobra nada porque os hábitos de consumo mudaram e também os de produção. Com o êxodo rural, diminuiu a poupança, pois na cidade tem de se comprar tudo, desde o ramo de salsa…