Da minha participação recente no Seminário de Planeamento na Escola de Comércio de Xangai, China, resultou a partilha de conhecimento entre várias aceções do Planeamento e do novo urbanismo, com a presença de participantes do Brasil, Guiné, Cabo Verde e Portugal, na sua maior parte docentes universitários ou responsáveis pelo planeamento nos seus países. A aprendizagem permitiu o conhecimento de uma realidade diferente, complexa, e, sobretudo, um planeamento numa escala maior, atenta a população da China e o seu imenso território. Só a cidade de Xangai (ou Shanghai), tem 24 milhões de habitantes, a maior cidade do mundo, portanto.
A formação ministrada por excelentes professores, alguns deles com responsabilidades de execução prática dos próprios instrumentos de planeamento e de ordenamento do território e também com responsabilidades por alguns dos projetos públicos em estudo, permitiu-me tomar conhecimento da política de desenvolvimento das cidades, novo urbanismo e políticas de mobilidade e transportes. Também ao nível das redes de energia, abastecimento de água, tratamento de efluentes e de resíduos e Portos, foi gratificante o apreendido.
Das matérias versadas, podemos aferir e concluir que a preocupação ambiental está agora mais presente em todo o planeamento estratégico chinês. Com efeito, vários dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Agenda 2030 estão ali defendidos, potenciando um desenvolvimento que não coloque em causa as gerações vindouras. Ficou também o registo da importância de uma boa monitorização e avaliação do planeamento para a sua eficiência e eficácia e alinhamento dos novos programas e planos.
Planear a esta escala é muito exigente. A responsabilidade é enorme. A China tem, contudo, elevada capacidade de execução e realização. Cidades de 7 milhões (Qingdao), 9 milhões (Dalian), ou 24 milhões (Xangai), como as que visitámos e estudámos, exigem complexas e funcionais respostas dos sistemas de logística, mobilidade, abastecimento, habitação e funções económicas e sociais.
Registámos grandes vias de comunicação, grande oferta de transporte público, uma apreciável oferta de mobilidade em bicicletas ou motorizadas elétricas, prédios habitacionais que convivem bem com a altura, muitas funções económicas nas ruas da cidade, várias cidades numa mesma cidade, agradáveis espaços verdes, recolha seletiva de resíduos, árvores, muitas árvores e muitos cidadãos a fruírem a rua e os seus múltiplos espaços de lazer. Criar “ambiente atraente” em toda a cidade parece estar a ser conseguido. Xangai será, inevitavelmente, uma cidade cosmopolita.
Na rede mundial das cidades inteligentes e sustentáveis, Xangai terá muitas responsabilidades no futuro próximo. Sendo uma cidade desafiante, todos os estudiosos e responsáveis pelo planeamento estratégico aqui focarão as atenções para a forma como os problemas dos cidadãos são resolvidos ao nível do ordenamento, da mobilidade, da habitação, das funções econômicas e sociais.