Hoje as carreiras são longas. Têm pelo menos 45 anos de vida ativa ou de trabalho. Estão a ficar para trás, por insustentabilidade, as carreiras de 25 ou 30 anos de trabalho. São pois bem mais longas as atuais carreiras profissionais. Perante um súbito aumento de 50% em anos de trabalho, desde que se abraça uma profissão até que se atinge uma reforma, como agir para obter realização e reconhecimento profissional?!
Entra-se cada vez mais cedo para a escola e por conseguinte sair-se-á cada vez mais cedo da escola. Só desta forma ganharemos competitividade com outros países. Se uma criança entra aos 5 anos, por exemplo, faz 12 anos na escola e mais 3 anos numa licenciatura “Bolonha” do ensino superior, ou de especialização num curso profissional e, pelos 21 anos está preparada para começar a trabalhar até aos 66 anos. São estes os números do presente, podendo mesmo aumentar no futuro. Obviamente que se poderá regressar outras vezes à escola. Será, de resto, imperativo fazê-lo numa carreira de 45 anos…
São pois muitos anos de trabalho. Anos em que temos de produzir, constituir família, exercer a cidadania e obtermos realizações, entre as quais a profissional.
Neste campo, as mais modernas teorias ditam que as carreiras têm de evidenciar uma progressão em ” zigue-zague”, ou seja com a permanência de 3 a 5 anos em cada posto, função ou entidade e não mais. Tal implicará cerca de 10 mudanças de trabalho nos percursos profissionais do futuro… É obra!
Estamos preparados para tal?! Obviamente que não. O homem é um animal de hábitos e sabemos muito bem os inconvenientes de estarmos a mudar de trabalho, muitas vezes com deslocações para grandes distâncias e com prejuízos para as famílias.
Por outro lado, a entrada no mercado de trabalho tende a ser adiada. Há muitas expectativas e poucas ofertas. Por vezes, de estágio em estágio, de contrato em contrato, de “POC” em “POC” passam muitos anos esperando sempre uma óptima oportunidade de trabalho numa boa organização, o que tende a escassear. Infelizmente, essas oportunidades nem sempre se materializam como gostaríamos e esse quadro de esperança quando apenas ancorado em promessas políticas poderá nunca se realizar.
Que fazer perante aquele que parece ser um cenário tão adverso?! Lutar, estar predisposto a aceitar condições não muito favoráveis de partida mas sempre com o foco numa gestão da carreira em crescendo, estudando, adquirindo formação a sério, produzindo valor para o empregador, que nos possa catapultar para outras oportunidades.
Mesmo para quem trabalha, a estratégia não será muito diferente. Por um segundo pense o leitor assim: quem lhe dará trabalho? onde estará a sua oportunidade se acontecesse algo no seu trabalho atual? E a resposta a esta pergunta ganha maior significado com os tempos que correm em que não há empregos para a vida. Mesmo no Estado, uma reorganização administrativa ou uma reforma dos serviços pode ter efeitos semelhantes a uma falência de uma empresa…
Gerir uma carreira profissional exige pois muito de cada um de nós. E exige mais do que uma simples reflexão ou acto de esperar que as conjunturas mudem para melhor. Quem já tem experiência de mais de 30 anos de trabalho, pode afiançar que nada mudará no futuro assim para um quadro tão belo e perfeito em que haverá emprego e realização profissional para todos! E também é quase naturalmente impossível estar sempre em “alta” no mercado de trabalho. A competição e o afunilamento do universo de oportunidades farão a sua parte e tenderão a “encostá-lo” a situações laborais menos interessantes e de baixa remuneração. Contrariar esse quadro será um desafio constante.
Por isso “mãos na massa” faça uma análise à sua carreira, mesmo que esteja na difícil situação de desempregado, e projecte a sua vida profissional até aos 66 anos, a idade da merecida reforma… Assim não será nunca surpreendido e conseguirá surfar as ondas de oportunidade. Por vezes estas existem, mas obrigam a sair de uma zona de conforto. Assim o dizem os especialistas na matéria.
Por outro lado, a entrada no mercado de trabalho tende a ser adiada. Há muitas expectativas e poucas ofertas.