Estão em acelarada queda as remessas dos nossos emigrantes. Nos últimos 8 anos os fundos enviados para Portugal perderam um terço do valor.
Obrigados a sair do país na segunda metade do século passado, por razões económicas, políticas ou sociológicas (para evitarem as guerras de África), foram durante muitos anos responsáveis pelo menor desequilíbrio da nossa Balança de Pagamentos. Sobretudo a seguir à Revolução de Abril e na crise de 1983, as remessas viabilizaram a economia nacional e permitiram constituir divisas necessárias a custear as importações. O País deve-lhes isso, entre outras muitas coisas.
Mas os tempos estão a mudar, e já nem todos os emigrantes mandam todas as suas poupanças para o “torrão” natal; seja porque estão a comprar casa nos países de acolhimento, seja porque estão em países emergentes onde é necessário reinvestir todos os lucros ou poupanças (casos de Angola, Venezuela ou Brasil).
Em todo o caso, a segunda geração de emigrantes tem diferente comportamento, vive repartida entre dois mundos, duas culturas, e educa os seus filhos em consonância com os padrões dos países onde ganham a vida, e isso não lhes permite os mesmos níveis de poupança de outros tempos. Trabalhar afincadamente para gozar na reforma já não é o lema. E ainda bem. Só assim se compreende o sucesso de muitos emigrantes, o acesso a graus académicos ou a lugares de destaque em empresas e na política.
Quanto às remessas, dos 3,7 mil milhões de euros em 2001, caiu-se no ano findo de 2008, para cerca de 2,5 mil milhões de euros. É, ainda assim, um valor apreciável. Dá para pagar a construção da nova ponte sobre o Tejo ou para duplicar o investimento (despesas de capital) de todas as câmaras do Interior do País durante um ano. São aproximadamente 7 milhões de euros por dia que de todo o Mundo chegam ao nosso país. A Balança de pagamentos necessita deles para as elevadas importações, já que a batalha de aumentar as nossas exportações continua adiada.
Os tempos estão a mudar e já nem todos os emigrantes mandam as suas poupanças para o “torrão” natal.