Duas centenas de equipas provenientes de toda a Europa vão competir em Roterdão, na Holanda, por um prémio de eficiência energética. O desafio é percorrer a maior distância em viaturas concebidas para consumir o menos possível. No meio do pelotão estão dois veículos concebidos na Universidade da Beira Interior (UBI): UBIcar e Aero@UBI. As expectativas são elevadas, mesmo para quem se estreia na Eco Maratona Shell. Do ar para a estrada. Pode definir-se assim o trajeto do conjunto de alunos de aeronáutica que este ano vai pela primeira vez à prova, na categoria de Protótipos com bateria elétrica. O grupo já tem participado em outras competições. Esteve no Air Cargo Challenge, concurso europeu de construção de aviões, e agora abraçou o desafio das quatro rodas.
Carro como avião
Ainda assim, não há grandes diferenças segundo Jorge Rebelo, quando questionado acerca das dificuldades em projetar um veículo que troca as asas pelos pneus. “Apesar de ser um carro, é em tudo parecido com um avião. Estamos a falar de um corpo fuselado, que tem muita aerodinâmica, propulsão e os princípios são basicamente os mesmos. Simplesmente é uma coisa diferente do que estávamos habituados a construir”, explica o chefe da equipa de 14 elementos que desenvolveu o veículo da Aero@UBI. No início do projeto, a equipa “entrou para ganhar”, refere. O fator tempo – a prova começa amanhã, quinta-feira, dia 15 – e algumas dificuldades técnicas, não reduziram por completo a ambição e há uma meta a atingir. “Se tudo corresse bem, conseguíamos fazer dois mil quilómetros com um kilowatt (kWh), o equivalente a gastarmos 14 cêntimos de electricidade. O melhor do ano passado fez 1200 quilómetros”, salienta.
UBIcar procura bater record
Ao lado está Inês Carmo. A chefe de equipa que concebeu o UBICar – já com experiência na prova e com base no Departamento de Eletromecânica – também quer bater a melhor marca de sempre, conseguida em Madrid, na categoria UrbanConcept, que venceu. Ao contrário do Aero@UBI, o veículo tem um aspeto mais próximo das viaturas que circulam nas estradas de todos o mundo, mas com um consumo bem mais atrativo para a bolso dos automobilistas. “A nossa melhor marca foi de 164 quilómetros, com apenas um litro de gasolina. O ano passado fizemos muito menos, porque apostamos no design e ficou muito pesado. O objetivo deste ano era torná-lo mais leve e espero igualar os 164 de há dois anos”, estabelece a aluna de mestrado em Engenharia e Gestão Industrial.
Para conseguir marcas como estas, é necessário apostar nas inovações tecnológicas. Por exemplo, aplicando soluções já experimentadas noutros veículos, mas ainda que com objetivos diferentes. “Temos um mecanismo em que o carro, para curvar, inclina. Com isso conseguimos diminuir o atrito e aumentamos a autonomia. Esse sistema já é usado em algumas motas, mas apenas por uma questão de ergonomia e segurança”, explica Jorge Rebelo.
Até as viagens espaciais serviram de inspiração. “Fizemos as janelas redondas, para poupar peso. Isso também já é utilizado num vaivém espacial, que é o SpaceShipOne”, conta o estudante de quinto ano de Engenharia Aeronáutica, que liderou a formação que construiu o motor de raiz, apesar de admitir dificuldades na conceção do controlador do motor.
No UBIcar, cujo carro tem sido melhorado ao longo dos anos, a novidade é a injeção eletrónica.