De acordo com o presidente da câmara municipal “mais do que um primeiro-ministro de créditos reconhecidos foi um amigo desta região do interior e do nosso concelho; ajudou-nos a concretizar o arranjo do castelo e da zona envolvente, concretizou o apoio financeiro para a compra do solar e tulha dos Cabrais, apoiou a concretização do ecomuseu do Zêzere e o novo quartel da GNR e, entre outros apoios com que brindou a nossa região, sublinho a sua grande influência na criação da faculdade de medicina, o projecto polis ou a concretização da A 23 sem portagens”. Nesta cerimónia, António Dias Rocha não escondeu ainda um certo “desencantamento com o actual governo e o seu desprezo pelo interior; sentimo-nos abandonados, a perder privilégios, a perder dignidade de cidadãos plenos deste país de marginalidades”. Na sessão solene do dia do concelho o presidente da câmara de Belmonte afirmou ainda que “é urgente inverter o ciclo de desertificação que tem vindo a acontecer há alguns anos na nossa região; temos de criar condições para promover o regresso daqueles que abandonaram o município por falta de condições para se poderem sustentar e temos também de criar condições para que aqui se fixem novos empresários”. Já o antigo primeiro-ministro admite que ficou sensibilizado com o convite para marcar presença nas festas do concelho de Belmonte e com a entrega da chave do castelo da vila. José Sócrates afirmou que “recebi este convite com muita alegria porque já tinha saudades vossas; do distrito de Castelo Branco, de Belmonte e de tantos amigos que hoje tive oportunidade de reencontrar e com os quais partilhei toda a minha vida política de quase 30 anos”. Nesta deslocação à região o antigo governante considerou ainda que o estado se está a esquecer da sua função de assegurar a igualdade entre o litoral e o interior “eu fui primeiro-ministro por causa da ideia democrática e da ideia de que alguém da província de pode afirmar também na política nacional e por isso vejo com preocupação que a cultura do mérito que se baseia na ideia da igualdade do acesso, por exemplo à saúde ou à educação, também tem que dizer respeito àqueles que vivem no litoral ou no interior; a ideia de desenvolvimento e de oportunidades para o interior é uma ideia de igualdade”. José Sócrates acrescentou que “eu sempre tive atenção a isso e espero que todos os poderes democráticos também a tenham mas o que vejo nos dias de hoje é que há muita tendência para negar essa função do estado; a função do estado não é apenas garantir a nossa segurança ou a nossa liberdade económica, é também lutar por mais igualdade”.
José Sócrates distinguido em Belmonte
O antigo primeiro-ministro recebeu ontem, de forma simbólica, a chave do castelo daquela vila. A cerimónia fez parte do programa das comemorações do dia do concelho.