Os trabalhos arqueológicos na maior necrópole ibérica, com 670 sepulturas, localizada no concelho de Trancoso, foram concluídos e o espaço deverá abrir ao público no início de 2024, disse hoje a Diretora Regional de Cultura do Centro.
“Estamos a falar de um achado arqueológico de uma importância cultural, patrimonial e histórica bastante significativa, cujos trabalhos de arqueologia terminaram agora. Este é um momento único e especial em que podemos ver todas as sepulturas a descoberto”, afirmou Suzana Menezes.
A necrópole de Moreira de Rei, aldeia situada a 7,5 quilómetros da sede de concelho, no distrito da Guarda – onde existem cerca de 670 sepulturas escavadas na rocha – foi alvo de uma intervenção de estudo e investigação iniciada em 2018.
O levantamento entretanto realizado, que inclui a limpeza pormenorizada de toda a área, permitiu revelar a imensidão da necrópole e concluiu tratar-se de sepulturas antropomórficas de adultos e crianças, algumas com ossadas ainda visíveis, que remontam a um período entre os séculos oitavo e nono e XII e XIII, explicou Suzana Menezes.
Segundo a responsável da Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC), que hoje visitou o sítio arqueológico, localizado junto à igreja de Santa Marinha, datada do século XII e classificada como Monumento Nacional desde 1932, a equipa especializada de arqueólogos e antropólogos fez “um excecional trabalho” na descoberta e investigação da necrópole.
De acordo com a diretora regional, o sítio arqueológico irá agora entrar numa segunda fase de intervenção, que passa pelo arranjo daquela área, reabilitação da igreja e instalação de um centro interpretativo dentro do templo religioso. Ficarão a descoberto algumas sepulturas, enquanto a maioria será tapada, até para efeitos de preservação futura.
Suzana Menezes estimou que estes trabalhos estejam concluídos até final de 2023, permitindo a abertura do sítio arqueológico ao público no início de 2024.
A intervenção, da responsabilidade da Câmara Municipal de Trancoso, tem um custo total orçado em 329 mil euros, quase 270 mil financiados por fundos europeus, e o restante assumido pela autarquia.
À Lusa, o presidente do município, Amílcar Salvador, considerou o projeto como “de elevada importância”, quer para Moreira de Rei e Trancoso, mas também “para a região e para o país”.
“Vai proporcionar uma grande diversidade e uma grande oferta turística a todos aqueles que se interessam por estes assuntos da história, do património e, neste caso, concreto, por aquela necrópole de Moreira de Rei”, argumentou.
Amílcar Salvador reafirmou, por outro lado, a construção do centro interpretativo do sítio arqueológico, “dentro da própria igreja”, e frisou que aquela que é considerada a maior necrópole da Península Ibérica é também, para Trancoso, “uma mais-valia muito grande”.
Para além da igreja de Santa Marinha, a aldeia de Moreira de Rei – que já foi vila e sede de concelho – possui outros dois Monumentos Nacionais: as ruínas do castelo e o pelourinho.