Neste projeto musical há entre Miguel Calhaz e o seu contrabaixo uma cumplicidade e uma ligação que transcende em muito, em tudo, a normal relação entre um músico e o instrumento que executa.
Aqui, o contrabaixo sai da sua esfera usual de instrumento de acompanhamento e passa a assumir funções harmónicas, melódicas e rítmicas. A própria abordagem quanto à forma de tocar este instrumento difere daquilo que é mais comum.
Utilizam-se recursos como o corpo de madeira do instrumento (que é usado como instrumento de percussão), harmónicos e harpejos em 2 ou 3 cordas em simultâneo, assumindo espaços normalmente preenchidos por outros instrumentos.
A par do uso destes recursos junta-se a voz do músico que, ora a solo ora com músicos convidados, vai ilustrando os seus e outros poemas: trauteando improvisos e embalando redondos vocábulo.