Medicamento para paramiloidose vai ser dispensado a hospitais do Centro

A partir de amanhã, quinta-feira, o medicamento será dispensado a doentes nos hospitais de Seia, Covilhã e Figueira da Foz.

O medicamento para a paramiloidose, cuja prescrição era até agora feita no Hospital de Santo António, vai começar a ser dispensado a partir de quinta-feira também em hospitais da região centro, anunciou hoje o Centro Hospitalar do Porto.
“A partir de 20 de abril, o medicamento será dispensado a doentes nos hospitais de Seia, Covilhã e Figueira da Foz, alastrando-se a experiência nos próximos dias a outros hospitais da região centro”, refere a administração do Centro Hospitalar do Porto (CHP).

Em comunicado, salienta que a Unidade Corino de Andrade do Centro Hospitalar do Porto é Centro de Referência Nacional de Paramiloidose Familiar [doença dos pezinhos], estando-lhe confiada a prescrição do medicamento Tafamidis a cerca de 80% dos doentes portugueses, das áreas de maior prevalência (Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Braga, Barcelos, Matosinhos), mas também da Serra da Estrela e da Beira Litoral.

“A deslocação dos doentes ao Porto para a dispensa do Tafamidis acarretava despesas e transtornos a muitos doentes. A dispensa do medicamento é um ato diferenciado, periódico, exigindo a intervenção de um farmacêutico hospitalar, não podendo simplesmente ser remetido para o domicílio”, acrescenta a administração do CHP.

Os serviços farmacêuticos do CHP articularam-se com os seus homólogos de outros hospitais, passando o fármaco a ser dispensado a nível local, a partir de quinta-feira.

Os deputados do PS eleitos por Castelo Branco reivindicaram na passada quinta-feira que o Ministério da Saúde disponibilizasse na região Centro um medicamento para os doentes de paramiloidose, cuja disponibilização era até agora feita apenas no Hospital de Santo António, no Porto.

“Acontece que, embora a paramiloidose tenha sido descrita pela primeira vez na população portuguesa e na zona da Póvoa do Varzim, encontram-se hoje identificados casos por toda a zona norte e centro litoral do país”, referiram, em nota de imprensa enviada à agência Lusa, os deputados Hortense Martins e Eurico Brilhante Dias.

Estes dois socialistas, juntamente com a coordenadora socialista em matérias de saúde, Luísa Salgueiro, pediram junto da tutela a disponibilização no centro do país de um medicamento para doentes que sofrem de Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF) ou paramiloidose, normalmente designada por “doença dos pezinhos”.

O fármaco oral de opção terapêutica, único no mercado, aprovado em 2011, permite atrasar a progressão da doença, aumentar a esperança e a qualidade de vida dos doentes.

A paramiloidose é de foro neurológico, rara e sem cura. Manifesta-se entre os 25 e 35 anos e é transmitida geneticamente, tendo como principais sintomas grande perda de peso, sensibilidade e estímulos.

O primeiro caso da doença foi identificado pelo médico Corino de Andrade, em 1936, na comunidade piscatória da Póvoa de Varzim.

É neste município, a par com Vila do Conde, que se regista o maior número de famílias que desenvolvem esta patologia trazida para Portugal, séculos antes, após a colonização viking.

A doença terá sido espalhada para outras cidades, dentro e fora de Portugal, devido a relações comerciais marítimas e, também, aos descobrimentos portugueses.


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