A medida foi justificada “dado o elevado perigo de fuga, continuação da atividade criminosa, perturbação do inquérito” e “alarme social”.
O homem, de 44 anos, está acusado da autoria material de dois crimes de homicídio qualificado, três de homicídio qualificado na forma tentada, três crimes de sequestro e um de roubo.
O arguido saiu do tribunal para o estabelecimento prisional da Guarda às 21 horas e por uma porta nas traseiras, ao contrário do que tinha acontecido à entrada, quando então acedeu ao edifício pela entrada principal.
O suspeito começou a ser ouvido esta quinta-feira por um juiz do Tribunal da Guarda às 13h30, disse a advogada Mónica Quintela durante a manhã de ontem.
À saída do tribunal às 12h50, Mónica Quintela disse então que “a diligência ainda não tinha começado, mas que teria início às 13h30”.
A advogada disse já ter falado com o suspeito e que este está “bem de saúde”, referindo que o suspeito está “na situação em que qualquer cidadão normal está quando está a ser presente ao JIC [juiz de instrução criminal]”.
Antes, o outro advogado do arguido, Rui Silva Leal, tinha dito aos jornalistas que o suspeito “está expectante” e a pensar nos filhos.
O homem, que se entregou à polícia na terça-feira em Arouca (Aveiro), encontra-se “como estava no dia da entrega, como estava anteontem [terça-feira]”, explicou.
“Está expectante e, de resto, pensa na família, nos dois filhos. Ainda agora nos falou nisso, como é que estão, como é que não estão. Vêm-lhe as lágrimas aos olhos quando fala nos filhos, mas está expectante, vai agora começar a diligência e tudo vai correr normalmente, como tem que ser”, rematou então.
O suspeito de um duplo homicídio em Aguiar da Beira chegou ao tribunal da Guarda às 11h06 de ontem, acompanhado de inspetores da Polícia Judiciária, para ser ouvido por um juiz em primeiro interrogatório judicial.
O homem entregou-se na terça-feira à PJ, em Arouca, num ato testemunhado pela RTP e pelo Diário de Coimbra.
O primeiro interrogatório judicial e eventual aplicação de medidas de coação aconteceram 30 dias após os incidentes em Aguiar da Beira, que culminaram com a morte de duas pessoas, um deles um militar da GNR, e três feridos.
À porta do tribunal durante a manhã de ontem era visível um dispositivo de segurança da PSP e, além de várias equipas de reportagem dos órgãos de comunicação social, marcavam presença no local alguns populares que assistiam ao desenrolar dos acontecimentos.
O suspeito estava desaparecido desde 11 de outubro, data em que dois militares da GNR foram atingidos a tiro, em Aguiar da Beira, no distrito da Guarda. Um morreu e um outro ficou ferido.
Na mesma madrugada, um homem morreu e a mulher ficou gravemente ferida, também alvejados a tiro, na viatura em que seguiam.
A PJ da Guarda adiantou, em comunicado, que o detido é suspeito da autoria de cinco crimes de homicídio qualificado, três dos quais na forma tentada, dois crimes de sequestro, pelo menos dois de roubo e um de furto, entre outros, ocorridos desde o dia 11 de outubro e o dia de terça-feira, nas localidades de Aguiar da Beira, Arouca (Aveiro) e Vila Real.
No âmbito das investigações, a PJ também constituiu arguida uma mulher, de 61 anos, sobre a qual recaem “fundadas suspeitas de favorecimento pessoal” ao detido.