Alunos da Universidade de Coimbra reconstruíram monumentos da Beira Interior em 3D

Os alunos da cadeira de Informática Aplicada à Arqueologia da licenciatura de Arqueologia da Universidade de Coimbra desenvolveram, como trabalho final, a reconstrução tridimensional de edifícios romanos e medievais emblemáticos da Beira Interior, foi hoje anunciado.

“Neste ano letivo, o módulo de arqueologia digital em 3D levou os alunos a desenvolver um exercício de reconstituição de um monumento histórico da Beira Interior que estivesse arruinado, através da versão gratuita do software ‘SketchUp'”, disse à agência Lusa o professor e arqueólogo Marcos Osório.

Segundo o responsável, os alunos elaboraram dez trabalhos que incidiram sobre monumentos que “são bem conhecidos do meio científico e da população” da Beira Interior, “não tendo sido, porém, nunca objeto de uma tentativa de representação gráfica do seu primitivo traçado”.

Foram selecionados alguns edifícios de época romana e fortificações ou igrejas do período medieval/moderno que se encontrassem alterados na sua aparência original, “para serem objeto da devida reconstituição arquitetónica, através da modelação tridimensional, com uma metodologia que requeria conhecimentos históricos do imóvel abordado e a visualização de outros monumentos regionais semelhantes”, explicou.

Os trabalhos contemplaram os templos romanos de Idanha-a-Velha (autoria do aluno Tiago Cordeiro) e Orjais (Ricardo Ferreira) e os castelos de Castelo Novo (Lara Duque), Belmonte (Margo Puyvelde), Guarda (Ricardo Lobo), Almeida (David Magalhães), Monforte do Côa (Inês Alberto) e Numão (José Guimarães).

Foram ainda realizados projetos sobre as igrejas de Santa Maria de Castelo Mendo (Joana Gabriel) e de Santa Marinha de Moreira de Rei (Luís Oliveira).

Os exercícios “constituem propostas inéditas” para os “importantes monumentos da Beira Interior e levantam questões que merecerão futuras revisões nas investigações que se façam sobre estes exemplares de arquitetura romana e medieval”, segundo Marcos Osório.

“Os autores destes trabalhos estão de parabéns pelo empenho depositado no projeto e pelo interesse demonstrado pelo património arqueológico e histórico da Beira Interior, muitas vezes esquecido, acabando por constituir estes trabalhos uma forma de divulgação dos próprios monumentos e um meio de cativar os jovens formandos para as terras do interior”, rematou.

Tiago Cordeiro, que elaborou o templo romano de Idanha-a-Velha em 3D, faz um balanço “bastante positivo” do trabalho.

“Nos dias de hoje, em que o uso da tecnologia é tão difundido, é imperativo e de grande importância realizar este tipo de reconstruções, de maneira a dar ao público um exemplo visual de como seriam as coisas noutros tempos, complementando os vestígios que ainda se encontram no local”, justificou.

Ricardo Lobo, que fez a reconstituição tridimensional do castelo da Guarda, disse que a mesma “é importante” porque “oferece uma perspetiva de uma realidade que já não pode ser vislumbrada aos dias de hoje, dado que o único elemento físico que perdura no local é a torre de menagem”.

“É, sem dúvida, um excelente projeto devido às suas características, ironicamente quase totalmente ausentes”, disse David Magalhães sobre o seu trabalho do extinto castelo medieval de Almeida.


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