O anúncio foi feito na Comissão Parlamentar de Saúde durante a audição de Álvaro de Carvalho, que afirmou ainda ter conhecimento destes factos “oficiosamente”, porque viu o protocolo assinado entre o Ministério da Saúde e as Misericórdias.
“Grande parte da atividade deveria ser apoiada por equipas comunitárias, que são menos onerosas e mais eficazes. [Neste caso] terá havido a opção política de construir unidades em sítios periféricos, o que obviamente discuto e não subscrevo”, afirmou o responsável.
No final da audição, Álvaro de Carvalho especificou aos jornalistas que “as primeiras experiências de cuidados continuados vão arrancar no âmbito das misericórdias com duzentas e tal camas”.
No entanto, as camas só são necessárias para casos mais complicados, explicou, considerando que “o cerne da questão deveria ser a reabilitação por equipas de cuidados comunitários”.
“É para isto que aponta a evidência e prática internacional”, sublinhou, referindo que até para crianças e adolescentes esta é a melhor solução.
Álvaro de Carvalho acrescentou que está para breve a abertura dessas unidades, algumas das quais situadas em Pinhel, Almeida e Soure.
“Portugal tem a atração de financiar em função das camas, mas convém que a reabilitação seja feita o mais possível com as pessoas integradas no seu meio e isso não é feito com camas”, criticou, lembrando que pode haver situações em que seja recomendada a institucionalização de um doente, “mas a maioria não exige essa retirada do meio familiar”.
Para Álvaro de Carvalho, as unidades físicas de cuidados continuados são “sítios em que as pessoas vão estar desalojadas do meio de origem. Será uma transinstitucionalização, em vez de ser uma desinstitucionalização com requalificação”.