Chama-se Hélder Gonçalves, tem seis anos e é o único menino no 1º ano, na aldeia de Arcozelo da Serra, no distrito da Guarda. Está, por isso, na mesma sala onde aprendem outras crianças do 4º ano, na maioria, meninas. É “um sortudo”, dizem, mas, ainda assim, Hélder passa pelas dificuldades de adaptação de uma criança que entra pela primeira vez para a escola.
A professora Olinda Póvoas cumprimenta a turma de 13 crianças, composta por alunos dos 1º, 2º e 4º anos. Hélder é o mais novo, entrou este ano para a escola e já sabe o quer ser quando for grande: “Padeiro e cozinheiro”. Na família, há profissionais desta área.
Em poucos dias, o novo menino da turma já aprendeu muita coisa. “Nome e data, o ‘i’, o ‘u’ o ‘o’, de óculos e ouvido”, enumera, mostrando o caderno de atividades.
Olinda Póvoas, a professora, diz que o mais difícil é adquirir a postura a ter na sala de aula. “O estar sentado muito mais tempo, fazer atividades constantes sem as pausas que tinham no jardim-de-infância… Se tentamos dar-lhes muitos trabalhos manuais, cansam-se mais”, diz.
De olhos postos no Hélder, estão as amigas da 4ª classe: a Joana e a Jéssica, de oito e nove anos. “Nunca pára sentado, tem sempre o lápis no chão, é muito mexerico”, sorri Joana. Já Jéssica, um ano mais velha que a amiga de carteira, confidencia, num tom mais sério: “Quando ele cai, perguntamos se está bem, se se magoou”.
Hélder não se importa com o facto de estar numa turma com crianças mais velhas de outras classes, até porque a maioria são meninas. “Eu sou a mulher mais bonita do mundo”, grita Joana, perante as outras vozes femininas, que se degladeiam por chamar a atenção de Hélder, o novo menino da turma.
