Os vereadores do PSD na Câmara da Guarda pediram ontem, dia 12 de setembro, a destituição do executivo e eleições antecipadas, devido à condenação de uma funcionária, e o presidente lamentou que a oposição use o assunto como “arma de arremesso político”.
No final da reunião quinzenal do executivo camarário, que decorreu à porta fechada, o eleito social-democrata Carlos Chaves Monteiro disse aos jornalistas que no período de antes da ordem do dia fez uma intervenção onde propôs e destituição do executivo liderado por Sérgio Costa e a realização de eleições antecipadas por considerar que a condenação de uma funcionária, que atualmente desempenha as funções de assessora do presidente, “retira-lhe qualquer condição política para continuar a desempenhar o cargo”.
Segundo o vereador do PSD, tendo em conta a condenação da funcionária e a “descredibilização do testemunho” do atual presidente da autarquia pelo juiz que julgou o processo, “não existem condições morais nem políticas para que o mandato seja levado até ao fim”.
“Proponho, por isso, a destituição do executivo camarário e a realização de eleições antecipadas para devolver à Guarda e à sua autarquia o prestígio e a dignidade que elas merecerem”, disse o ex-presidente do município, que também desafiou o PS a acompanhar o seu pedido.
Na opinião do social-democrata, “é fundamental devolver ao povo da Guarda a ocasião para se pronunciar e abrir um novo processo eleitoral”.
“A queda deste executivo e a marcação de eleições intercalares é a única forma de ultrapassar o descrédito em que o engenheiro Sérgio Costa lançou o município da Guarda, repor a confiança do eleitorado e defender a honra e a dignidade dos guardenses”, rematou.
O presidente da autarquia da cidade mais alta do país, Sérgio Costa, reagiu dizendo que a posição assumida pelos três vereadores do PSD é “uma tentativa de conseguir na secretaria aquilo que não conseguiram nas urnas”.
“Isto é querer usar uma funcionária da Câmara Municipal da Guarda como arma de arremesso político contra este executivo municipal. E eu lamento que em quase 50 anos de democracia haja pessoas que estejam a atuar desta forma. E eu lamento também que sejam estas pessoas que estejam a representar o PSD. Lamento mesmo isto. Nunca pensei que isto pudesse acontecer”, afirmou.
“Estes vereadores estão a deixar mal o PSD”, disse.
Sérgio Costa acrescentou que nunca falou nas reuniões de Câmara de processos em Tribunal “que já tenham decorrido ou que estejam a decorrer” e advertiu: “Vamos ver se no futuro será assim”.
O vereador do PS, Luís Couto, questionado pelos jornalistas, disse que na reunião do executivo não se pronunciou sobre o assunto.
“A seu tempo tomaremos uma decisão sobre essa matéria. Se politicamente tivermos [o PS] que tomar uma posição, iremos tomar. Mas só do ponto de vista político e não judicial”, declarou o socialista.
Nas eleições autárquicas de 2021 a candidatura independente de Sérgio Costa obteve 36,22% dos votos e garantiu três mandatos na Câmara da Guarda, seguindo-se o PSD com 33,68% (com igual número de mandatos) e o PS com 17,98% dos votos e um mandato.