O trabalho está a ser feito por Luís Miguel Martins, investigador do Centro de Investigação em Tecnologias AgroAmbientais e Biológicas (CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com sede em Vila Real, após ter sido contactado pelo município da Guarda para encontrar uma solução para o controlo de pragas em árvores desta cidade.
Segundo explicou hoje o docente, os “responsáveis” pelas pragas são insetos afídeos, que sugam a seiva e causam grande fragilidade e debilidade nas árvores.
Este tipo de insetos “picadores-sugadores” afetam sobretudo carvalhos, tílias, cerejeiras, entre outras espécies, e as consequências que provocam são os ramos secos, a queda prematura de folhas e a libertação, pelos insetos, de uma substância colante que flui para o piso e objetos circundantes à árvore afetada.
Para combater esta praga, o investigador está a aplicar injeções no tronco das árvores afetadas.
Esta injeção, segundo explicou, é aplicada, no sistema vascular da planta, com uma substância que tem um efeito repelente nos insetos causadores da praga.
“A endoterapia é um método de tratamento mais amigo do ambiente com baixo impacto comparativamente à pulverização convencional. Necessita de menos produto e não tem perdas pelo vento, para o solo ou para linhas de água”, afirmou Luís Miguel Martins.
Por essas razões, o método “tem pouco impacto no espaço urbano, não obriga à instalação de faixas de contenção de estacionamento, de interrupção de trânsito ou sequer a medidas de proteção especiais em pessoas ou animais”.
O responsável está também a testar a utilização de “insetos auxiliares”, predadores das espécies que causam danos às árvores, com o objetivo de equilibrar as populações de insetos e evitar intervenções adicionais.
Os tratamentos começaram na segunda-feira e prolongam-se até sábado, período que coincide com a queda das flores, designadamente das tílias, “para não perturbar a visita das abelhas”.
Este trabalho resulta de estudos sobre as árvores da Guarda, que a UTAD tem vindo a desenvolver desde setembro de 2014, sob a coordenação de Luís Miguel Martins, e que envolve a realização do inventário arbóreo, diagnóstico e acompanhamento das intervenções realizadas no arvoredo.
O investigador disse que estes estudos são um “contributo importante para a preservação e valorização das árvores da cidade da Guarda”, mas adiantou que esta investigação pode contribuir, também, “para conhecer e ajudar a manter a floresta urbana em outras cidades”.