Em causa está a nova portaria publicada pelo ministério da saúde que classifica os hospitais em grupos, e no caso da Beira Interior, o Centro Hospitalar da Cova da Beira, o Hospital Amato Lusitano em Castelo Branco e o Hospital Sousa Martins na Guarda, integram o Grupo I, a que não correspondem valências como a obstetrícia.
O cumprimento da portaria implicaria o encerramento de mais de duas dezenas de maternidades em todo o país, porque obstetrícia e neonatologia deixaram de ser valências dos hospitais do Grupo I, onde estão instaladas as atuais maternidades, e passaram exclusivamente para os hospitais de Grupo II.
Segundo a portaria, as maternidades do país limitar-se-iam aos hospitais sediados em Braga, Coimbra, Évora, Faro, Lisboa, Porto, Vila Nova de Gaia, Vila Real e Viseu. Entretanto o Ministério da Saúde (MS) já veio dizer que a portaria que define uma nova rede hospitalar, apesar de “alguns casos pontuais de concentração de serviços”, não vai reduzir necessariamente o número de valências das unidades públicas.
Ainda assim, Luís Garra considera que esta é uma nova ameaça que paira sobre as maternidades e, como tal, a USCB vai empenhar-se na sua defesa “ esta portaria, por omissão, afasta as maternidades no âmbito das valências que estes hospitais desenvolvem. Portanto, é uma nova ameaça que aí está, e decidimos tudo fazer, com iniciativas próprias, ou integradas em comissões de utentes e de outras organizações, no sentido de defender este bem que temos na nossa região”, sublinhou o dirigente sindical.
O Coordenador da USCB sublinha que a cumprir-se a portaria, o hospital mais próximo, pertencente ao grupo II, seria o de Viseu e, ao acabar-se com as maternidades da Beira Interior, seria o fim do Sistema Nacional de Saúde “ se acabarem com as maternidades na Beira Interior, considerando a Beira Interior Guarda, Castelo Branco e Covilhã, que neste espaço aparecesse uma maternidade privada como já aconteceu noutras regiões do nosso país, portanto iria empurrar as pessoas ara a iniciativa privada, a destruição do SNS está a ser feita paulatinamente”.
A este propósito também, Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB), já veio a público garantir que nenhum serviço do CHCB vai fechar.
Garantias que não tranquilizam Luís Garra, que considera “são estas atitudes de conformismo e de acreditar nos amanhãs que cantam, que faz com que haja graves problemas hoje ao nível da prestação dos cuidados de saúde com o silêncio daqueles que têm a responsabilidade de o defender”.