Clóvis Abreu, suspeito de estar envolvido no homicídio do antigo agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) Fábio Guerra, entregou-se finalmente às autoridades, no Campus de Justiça segundo foi avançado esta segunda-feira pela CNN Portugal.
Ainda não existe acusação, mas Clóvis Abreu é o terceiro homem a estar implicado na morte de Fábio Guerra, depois dos dois principais intervenientes, Cláudio Coimbra e Vadym Hrynko, terem sido condenados a 20 e 17 anos de prisão, respetivamente.
O suspeito surgiu acompanhado pelo advogado Aníbal Pinto, depois de mais de um ano e meio sem se apresentar às autoridades, tendo agora ficado à guarda da Polícia Judiciária.
Na semana passada, o advogado disse que aguardava resposta do Ministério Público para a entrega voluntária do seu cliente, afirmando que este “pediu há mais de um ano para ser ouvido e nunca teve resposta”.
Em declarações às televisões à saída do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, Aníbal Pinto lembrou que Clóvis Abreu se apresentou hoje de forma voluntária – após a entrega ter sido inicialmente anunciada para o último sábado – e que isso deveria significar uma medida de coação aplicada pelo juiz de instrução criminal que não implicasse a privação de liberdade.
“Estava perfeitamente ciente de que poderia e deveria ser detido, no meu entender de forma desnecessária. Amanhã, o juiz de instrução vai aplicar uma medida de coação, aguardaremos. Para que ele seja privado de liberdade é preciso que exista um dos pressupostos… Não há perigo de fuga, não há perigo de continuação da atividade criminosa, não há perigo de perturbação de inquérito”, salientou.
O advogado refutou ainda qualquer envolvimento do seu cliente na morte do agente Fábio Guerra, ao invocar as imagens de videovigilância da área exterior da discoteca Mome que foram publicamente divulgadas por ocasião do julgamento dos ex-fuzileiros Cláudio Coimbra e Vadym Hrynko, condenados a 20 e 17 anos de prisão, respetivamente, no âmbito deste caso.
“Da visualização das imagens que foram tornadas exaustivamente públicas, Clóvis Abreu nunca atingiu o malogrado agente da PSP. Nunca esteve sequer perto dele. Não sei qual é o entendimento do Ministério Público. As imagens são públicas e não há dúvida nenhuma”, referiu, continuando: “Se atribuem agressões que não estão nas imagens, devem estar equivocados. Estou a reportar-me às imagens e uma imagem vale mais do que mil palavras”.
Aníbal Pino disse ainda que Clóvis Abreu tinha vontade de se apresentar às autoridades já “há ano e meio” e garantiu não saber se o suspeito esteve durante este período em Espanha.
“Na minha opinião, nunca esteve fugido, porque ele nunca foi notificado para ser presente. Agora, teve conhecimento, cá está e amanhã o juiz de instrução irá decidir de acordo com a lei”, sintetizou, esclarecendo que Clóvis Abreu deve permanecer nos calabouços da PJ até ser presente a juiz para o primeiro interrogatório.
No final de março de 2022 Clóvis Abreu chegou a ser procurado também pelas autoridades espanholas, tendo a Polícia Nacional de Espanha emitido nas suas redes sociais um alerta com a fotografia do suspeito e apelando aos cidadãos que partilhassem qualquer informação que permitisse localizá-lo.
Clóvis Abreu é um dos suspeitos de envolvimento na morte do agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) Fábio Guerra, na sequência de agressões à porta da discoteca Mome, em Lisboa.
O agente da PSP Fábio Guerra, 26 anos, morreu em 21 de março de 2022, no Hospital de São José, em Lisboa, devido a “graves lesões cerebrais” sofridas na sequência das agressões de que foi alvo no exterior da discoteca Mome, em Alcântara, quando se encontrava fora de serviço.