Em declarações à Lusa, Sousa Lara disse que quando abordado pela direção do Chega para ser candidato às próximas eleições legislativas, impôs logo uma condição: “Ou me põem pela Guarda ou pelo Porto. Lisboa faz parte do problema, não faz parte da solução”.
O ex-deputado acrescentou que assumiu a candidatura por querer contribuir para a mudança política que é necessário fazer no país, considerando que “neste momento é preciso uma grande transformação”.
O antigo subsecretário de Estado da Cultura do Governo de Cavaco Silva e professor catedrático do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), de 67 anos, tem ligações familiares a Vila Nova de Foz Côa, Pinhel e Seia, no distrito da Guarda.
António Sousa Lara, porta voz do partido Chega para as áreas de Segurança e Geopolítica, foi deputado na Assembleia da República durante dez anos (até 1995) e, depois disso, foi vereador no município de Cascais, deputado municipal em Seia e candidato à Câmara Municipal de Beja pelo PSD.
O candidato apontou, a título de exemplo, que “a terceira República acabou com a agricultura, destruiu o interior” e afirmou que quer “contribuir para a resolução” dos problemas que afetam o território nacional.
“As políticas têm que mudar da noite para o dia”, defende o candidato do Chega, lembrando que, para o seu partido, “a prioridade é desafetar o povo português da carga de impostos iníquos que sufoca, sobretudo, o interior”.
Questionado sobre os resultados que espera obter no círculo eleitoral da Guarda, onde PSD e PS dividem os quatro lugares, o responsável referiu que “a Guarda só tem a ganhar em ter algum desvio”.
“Vale a pena investir em mais do mesmo, ou vale a pena romper? E o meu discurso é de rutura. Acho que a rutura vale a pena e a rutura tem que ser de fundo”, declarou.
O professor catedrático afirmou-se preocupado com a desertificação humana dos territórios do interior e alerta: “Portugal, hoje em dia, é Porto e Aveiro, Lisboa e o Algarve. E o resto do país não existe. O país está num processo de desertificação completo, destrutivo”.
Disse que o Chega “não quer multiculturalismo para nada” e que o país precisa de cativar os jovens para se fixarem no território.
O Chega refere, numa mensagem publicada na sua página do Facebook, que “é uma honra” para o partido “poder contar com pessoas como António Sousa Lara nos seus quadros”.
E acrescenta: “Sousa Lara, além de porta-voz do partido para as áreas de Segurança e Geopolítica será ainda cabeça de lista nas legislativas de outubro pelo círculo eleitoral da Guarda”.
Em 2015 a coligação PSD/CDS-PP obteve, no distrito da Guarda, 45,59% dos votos, elegendo dois deputados: Carlos Peixoto e Ângela Guerra.
O PS, com 33,78% dos votos, também elegeu dois deputados: Maria Antónia Almeida Santos e Santinho Pacheco.