Valentín Cabero Diéguez diz que Prémio Eduardo Lourenço tem significado "muito especial”

“[O prémio] converte-se num símbolo de futuro. Eduardo Lourenço dizia que ‘somos presente e memória para o futuro’”, admitiu Valentín Cabero Diéguez.

O professor universitário espanhol Valentín Cabero Diéguez disse hoje que o Prémio Eduardo Lourenço 2022, atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), tem para si um “significado muito especial” pela relação que teve com o ensaísta.

“Tem um significado muito especial a título pessoal, por ter tido uma relação muito estreita com o professor Eduardo Lourenço. Nos últimos 25 anos estivemos muito próximos, desenhámos, de alguma forma, projetos comuns”, disse hoje o galardoado aos jornalistas após receber, na Guarda, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, o 18.º Prémio Eduardo Lourenço.

O geógrafo e professor catedrático jubilado da Universidade de Salamanca, Espanha, com 79 anos, referiu que conviveu com Eduardo Lourenço e ambos trabalharam na criação da Biblioteca Municipal da Guarda e do CEI.

“[O prémio] converte-se num símbolo de futuro. Eduardo Lourenço dizia que ‘somos presente e memória para o futuro’”, admitiu Valentín Cabero Diéguez.

Na sua opinião, o galardão também vai permitir que o CEI “continue a reivindicar o papel do interior peninsular” e que cidades como a Guarda “cumpram um papel fundamental na coesão territorial e no intercâmbio de bens e serviços”.

Na sessão, o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, referiu que a atribuição do galardão a Valentín Cabero Diéguez “é a melhor homenagem” que pode ser feita “ao patrono do CEI”.

Segundo o autarca, o galardoado, considerado “um dos grandes geógrafos ibéricos”, tem “Portugal no seu coração”.

Por sua vez Fernando Rubio, autarca de Juzbardo (Espanha), que proferiu o elogio ao laureado, considerou Valentín Cabero Diéguez “uma pessoa sábia e querida por todos” e “um iberista convicto e militante”.

Na cerimónia usaram também da palavra a diretora regional da Cultura do Centro, Susana Menezes, o vice-reitor da Universidade de Coimbra, Delfim Leão, o reitor da Universidade de Salamanca, Ricardo Rivero, e o vice-presidente do Instituto Politécnico da Guarda, Manuel Salgado, que também elogiaram o vencedor do Prémio Eduardo Lourenço 2022.

O galardão foi atribuído, por unanimidade, por um júri que “reconheceu os méritos académicos e científicos de Valentín Cabero Diéguez, em particular o seu compromisso cívico com os territórios mais frágeis e a sua contribuição para a cooperação ibérica”.

O prémio, no montante de 7.500 euros, foi instituído em 2004 e destina-se a galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura e cooperação ibéricas.

O galardão com o nome do ensaísta Eduardo Lourenço, falecido no dia 01 de dezembro de 2020, com 97 anos, que foi mentor e diretor honorífico do CEI, já distinguiu várias personalidades de relevo de Portugal e de Espanha.

Receberam o Prémio Eduardo Lourenço a professora catedrática Maria Helena da Rocha Pereira, o jornalista Agustín Remesal, a pianista Maria João Pires, o poeta Ángel Campos Pámpano, o professor catedrático de direito penal Jorge Figueiredo Dias, os escritores César António Molina, Mia Couto, Agustina Bessa Luís, Luís Sepúlveda e Basilio Lousada Castro, o teólogo José María Martín Patino, os professores e investigadores Jerónimo Pizarro, Antonio Sáez Delgado, Carlos Reis, Ángel Marcos de Dios e Valentín Cabero Diéguez, o jornalista e escritor Fernando Paulouro das Neves e a Fundação José Saramago.

O CEI é uma associação transfronteiriça criada a partir de um desafio lançado pelo ensaísta Eduardo Lourenço (1923-2020), natural de São Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, distrito da Guarda, na sessão solene comemorativa do Oitavo Centenário do Foral da Guarda, em 1999.

Surgiu em resultado de uma parceria que envolveu inicialmente a Câmara Municipal da Guarda e as Universidades de Coimbra e de Salamanca e, mais tarde, o Instituto Politécnico da Guarda.


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