A Fundação Côa Parque deu início a sete novos projetos multidisciplinares com uma dotação de dois milhões de euros que prometem mudar o paradigma da investigação científica naquele território, indicou à Lusa o ministro da Ciência, Manuel Heitor.
“Os sete projetos foram selecionados e damos hoje o arranque oficial. Ao longo de vários anos vamo-nos comprometer com a abertura deste tipo de concursos, com objetivo de formar um corpo sólido de conhecimento que permita valorizar cientificamente, socialmente e economicamente o território do Vale do Côa”, concretizou o governante.
Os projetos abrangem várias áreas do saber que vão desde das o clima e alterações climáticas ou a origem da vida às dinâmicas de interação sociocultural ao longo do tempo, biodiversidade e recursos biológicos, patrimónios naturais e culturais e desenvolvimento regional sustentável.
“Estes projetos abraçam várias áreas e prometem aprofundar o conhecimento, envolvendo investigadores portugueses e estrangeiros que vão trabalhar em articulação com a Fundação Côa Parque para valorizar e conceber melhor o território do Vale do Côa”, vincou Manuel Heitor.
A dotação financeira de dois milhões de euros é provenientes da Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT) e envolve instituições participantes como a Fundação Côa Parque, Universidade de Coimbra, Universidade do Minho, Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, Universidade de Aveiro, Instituto Politécnico de Bragança, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Universitat Autónoma de Barcelona, Universidad Politécnica de Madrid.
“É preciso articular diferentes saberes entre economistas, sociólogos, historiadores e arqueólogos sobre a coordenação da Fundação Côa Parque que tem aqui um papel muito importante em todo o processo”, vincou o ministro da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior.
A pretensão dos agentes envolvidos nestes sete projetos multidisciplinares é fazer do Vale do Côa um “grande laboratório internacional”.
Os projetos foram candidatados à FCT, no âmbito da iniciativa “Vale do Côa Internacional Research Awards”. Foram avaliadas 32 candidaturas, tendo sido recomendados para financiamento sete projetos.
“O Vale do Côa é património da humanidade e vamos interagir com investigadores de todo mundo, para aqui fazer investigação e conhecer mais deste território”, vincou o governante,
Manuel Heitor deixou ainda claro que a cada ano, haverá um pacote de novos projetos que deverão ter uma dotação financeira situada entre 1,5 e dois milhões de euros para o Vale do Côa.
“Só serão financiados projetos com qualidade”, observou o governante.
O presidente da Fundação Côa Parque, Bruno Navarro, disse que estes novos projetos são uma ” revolução completa” na forma de olhar para o Vale do Côa como um verdadeiro laboratório vivo ao dispor da comunidade científica nacional e internacional.
“Agora é preciso tempo para captar resultados, principalmente no interior, só com uma convocatória de concursos”, observou o responsável.
Inscrito na Lista da Unesco como Património da Humanidade da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 1998, o Vale do Côa é considerado “o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre do mundo”.
O sítio arqueológico divide-se em dois eixos fluviais principais: 30 quilómetros ao longo do rio Côa como os sítios da Faia, Penascosa, Quinta da Barca, Ribeira de Piscos, Canada do Inferno e 15 quilómetros pelas margens do rio Douro as áreas de Fonte Frireira, Broeira, Foz do Côa, Vermelhosa, Vale de José Esteves, Vale de Cabrões.
Do território do Vale do Côa fazem parte seis concelhos: Almeida, Mêda, Pinhel, Sabugal, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda.