Serra da Estrela continua a ser a região mais pobre de Portugal

A Serra da Estrela, a Cova da Beira e a Beira Interior Norte figuram no indesejado “top 4” das zonas mais pobres de Portugal em termos de Produto Interno Bruto (PIB) “per capita”.

Outro indicador pouco abonatório para a região é o facto de ter dois municípios, Celorico da Beira e Aguiar da Beira, entre o “top 5” dos concelhos com menor ganho médio mensal de trabalhadores por conta de outrem.

De acordo com os Índices de Disparidade Regional das NUTSII e NUTSIII, divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), cujo ano de referência é 2011, a Serra da Estrela – que inclui os concelhos de Fornos de Algodres, Gouveia e Seia –, continua a ser a mais pobre do país com um índice PIB per capita de 51,9 na base 2011. A segunda região com menor índice PIB per capita é a do Tâmega, no norte do país. Segue-se a Cova da Beira – que abrange Belmonte, Covilhã e Fundão – com um índice de 66,7 e a Beira Interior Norte – que incorpora Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal e Trancoso – que apresenta um índice per capita de 68,6. O diferencial entre o índice máximo – 164,8 da Grande Lisboa – e mínimo – 51,9 da Serra da Estrela – foi 112,9 (face a 114,4 na base 2006). Em 2010, a diferença entre os dois extremos foi de 114,4 pontos (166,5 da Grande Lisboa) e da Serra da Estrela (52,1) e em 2009 foi de 113,8 (a Grande Lisboa tinha 167,5 pontos de índice e a Serra da Estrela 53,7).

Na prática, os dados mostram que a riqueza média gerada por um habitante da Grande Lisboa representa mais do triplo da que é gerada por quem reside na sub-região da Serra da Estrela, sinal de desertificação e de falta de atividade económica no interior. O PIB per capita é um indicador usado para analisar a riqueza de um país ou região, assim como o respetivo grau de desenvolvimento. Apesar de ser também uma das regiões mais pequenas de Portugal, que até atrai muitos visitantes, principalmente no inverno, os dados confirmam a grande realidade que por aqui se vive: há cada vez mais indústrias a fecharem portas, obrigando os habitantes a procurar outras paragens, como seja os grandes centros no litoral ou para o estrangeiro.

Quanto aos Índices de Disparidade Regional da Produtividade divulgados no mesmo estudo do INE, as NUTSIII da região surgem um pouco melhor classificadas mas, ainda assim, longe da mediana nacional. Deste modo, a Serra da Estrela surge em 24º lugar entre as 30 regiões com um índice de 75, a Beira Interior em 25º com 73,5 e a Cova da Beira em 27º com 71,8. A nível geral, face à base 2006, observa-se uma menor disparidade regional da produtividade, com o diferencial entre o índice máximo e o índice mínimo a passar de 101,3 na base anterior para 70,5 na base atual.

Outro item analisado pelo INE foi o ganho médio mensal de trabalhadores por conta de outrem, a tempo completo e com remuneração completa. De acordo com dados de 2012 constantes nos Anuários Estatísticos Regionais, também recentemente divulgados, a Guarda é o concelho da região onde os funcionários auferem o maior rendimento médio com 899,14 euros, seguindo-se Figueira de Castelo Rodrigo (868,42 euros), Covilhã (857,98), Vila Nova de Foz Côa (828,85) e Trancoso (818,15), o último dos municípios com valores acima dos 800 euros. Ao invés, os concelhos com menor ganho médio mensal de trabalhadores por conta de outrem são Celorico da Beira (698,31 euros), Aguiar da Beira (698,59), Belmonte (729,73), Manteigas (731,80) e Fornos de Algodres (749). De referir que Celorico e Aguiar da Beira apenas são “superados” por três concelhos: Lousada (696,85 euros), Vila de Rei (692,12) e Freixo de Espada à Cinta (683,48). A média nacional é de 1.095 euros e Alcochete é o concelho do país com maior remuneração, cerca de 1.883 euros.


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