Seca: Agricultores procuram financiamento para regadio em freguesia da Guarda

O regadio de Cavadoude “contempla 33 hectares [de terrenos agrícolas] e uma média de 90 regantes”.

A Junta de Agricultores de Cavadoude, na Guarda, está a tentar obter financiamento para a totalidade da obra de reabilitação de um regadio tradicional, que foi financiada com fundos comunitários e que é importante para o armazenamento de água.

Segundo o presidente da Junta de Agricultores e da Junta de Freguesia de Cavadoude, no Vale do Mondego, no concelho da Guarda, o projeto foi aprovado em 2017 e, como ocorreram alterações nos preços dos materiais, a organização necessita de “praticamente metade” do valor global, que ultrapassa os 400 mil euros, para iniciar a obra.

“Estamos a ver que o projeto vai por água abaixo, por causa de as verbas não chegarem. Naquela altura chegaria, com a evolução disto tudo [dos custos dos materiais], estamos a ver que vai por água abaixo”, admitiu José Antunes.

O responsável disse que o regadio foi apoiado por fundos comunitários, “mas esse valor só vem quando a obra for começada”.

“Nós temos 220 mil euros, acrescidos de IVA [para a execução da obra]. Cada vez que carregamos a plataforma a pedir as propostas, pedem-nos o dobro, ou mais”, disse o dirigente, indicando que o concurso já foi submetido por duas vezes e nunca teve sucesso.

Como a Junta de Agricultores de Cavadoude “não tem dinheiro” para realizar o investimento, que é “imprescindível numa altura de seca”, o responsável teme que a obra “vá por água abaixo”.

O dirigente e autarca disse que já foi contactada a Câmara Municipal da Guarda, presidida por Sérgio Costa (Movimento Pela Guarda), para a possibilidade de apoiar a obra e aguarda por “uma resposta do senhor presidente”.

O regadio de Cavadoude “contempla 33 hectares [de terrenos agrícolas] e uma média de 90 regantes”.

“É um regadio tradicional que já tínhamos, em terra batida, e passa a ser todo em tubagem. Não há percas de água e será uma mais-valia para o Vale do Mondego”, assumiu.

Segundo José Antunes, o investimento contempla a construção de um açude, onde atualmente existe uma charca de água, a reconstrução do regadio tradicional existente e a instalação de dois quilómetros de tubagem.

“Em vez de deixarmos ir a água para o rio Mondego e para o mar, poderíamos ter ali a água estagnada para fins de [enfrentar as] secas. Era uma riqueza para toda a gente. E, em caso de incêndio, combatia-se mais rápido, porque os helicópteros teriam hipótese de abastecer água no local, em vez de se deslocarem às barragens do Caldeirão [Guarda] ou de Bouçacova [Pinhe], que é onde têm ordem para se dirigir”, rematou.

Mais de 90% do território estava a 15 de fevereiro em seca severa ou extrema, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que indica um novo agravamento da situação de seca meteorológica no país.

O último boletim de seca indica valores de percentagem de água no solo inferiores ao normal em todo o território, com as regiões Nordeste e Sul a atingirem valores inferiores a 20%, com “muitos locais a atingirem o ponto de emurchecimento permanente”.


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