Prémio Arquitetura do Douro atribuído a Paula Pinheiro por projeto de enoturismo em Foz Côa

A arquiteta projetou a recuperação de um conjunto de edifícios em ruínas da Quinta do Saião, em Vila Nova de Foz Côa.

A arquiteta Paula Pinheiro venceu ontem, dia 14 de dezembro, o prémio Arquitetura do Douro com um projeto de enoturismo para a Quinta do Saião, dia em que foi lançado o galardão Vinha Douro que homenageia os construtores da paisagem duriense.


A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) assinalou ontem, em Vila Real, o 21.º aniversário do Douro Património Mundial da UNESCO, concluindo um ano de comemorações dos 20 anos desta classificação.


Neste dia de festa foi atribuído o prémio Arquitetura do Douro e, ao mesmo tempo, lançado o novo prémio Vinha Douro, sendo ambos bienais e atribuídos em anos intercalares.


Para Paula Pinheiro, arquiteta com ‘atelier’ no Porto, este prémio “é o reconhecimento” de um percurso de 25 anos e com uma “enorme dedicação à arquitetura”.


“Julgo que é um reconhecimento importante porque, de facto, as obras que têm ganho este prémio são obras muito emblemáticas, com uma enorme qualidade, e o grupo de arquitetos que me antecedem também são importantes. Por isso fico muito contente”, afirmou aos jornalistas.


A arquiteta projetou a recuperação de um conjunto de edifícios em ruínas da Quinta do Saião, em Vila Nova de Foz Côa, como um lagar de azeite, uma adega, uma casa das ovelhas, o forno ou a antiga habitação do agricultor, que deram origem a uma unidade de enoturismo.


A quinta histórica é produtora e exportadora de vinhos.


“O projeto tenta responder a esta ideia de incorporar a ruína num edifício contemporâneo, mas aproveitando toda a pedra, todos os muros corroídos e desfeitos”, explicou Paula Pinheiro.


Este ano foi apresentada apenas uma candidatura ao prémio, no entanto, o presidente da CCDR-N, António Cunha, frisou que o júri considerou o trabalho vencedor “excecional” e que é isso que “interessa”, afirmando que a distinção “ganhou espaço na arquitetura deste território”.


Lançado em 2006 pela CCDR-N, o galardão visa divulgar e promover a “excelência da arquitetura” no Alto Douro Vinhateiro e boas práticas no exercício da arquitetura em obras de construção, conservação e reabilitação de edifícios, bem como intervenções de redesenho urbano no espaço público.


Na última edição, foi o arquiteto Eduardo Souto Moura que venceu com a obra da Central Hidroelétrica do Tua, que ficou quase integralmente subterrânea para harmonizar a edificação com a paisagem do Douro Património da Humanidade.


Por sua vez, o prémio Vinha Douro vai ser atribuído pela primeira vez em 2023.


Carla Alves, diretora regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN), explicou que era um galardão “há muito ambicionado”, que vai distinguir boas práticas em vitivinicultura e homenagear os antepassados e atuais viticultores, os “principais construtores da paisagem classificada pela UNESCO”.


“É um prémio que tem certamente uma função pedagógica, de evidenciar o que são boas práticas nas diferentes dimensões da vinha, dos seus muros, das suas bordaduras, das suas diferentes expressões territoriais, mas tem sobretudo uma função de homenagear quem faz essas vinhas, quem as planeia, quem as desenha, quem as constrói e mantém diariamente e, por isso, é certamente um prémio para homenagear também os viticultores do Douro”, afirmou António Cunha.


O responsável disse que estas comemorações, que se prolongaram por um ano e incluíram cerca de 100 iniciativas, foram “um momento também de pensar o Douro”.


“Os vários momentos que fizemos foram momentos de reflexão daquilo que é e daquilo que queremos que seja o Douro e o Douro Património Mundial”, salientou.


As comemorações incluíram a estreia ontem, em Vila Real, da peça sinfónica “Traços de Esplendor” de Fernando Lapa, interpretada pela Orquestra do Norte e dirigida por Fernando Marinho.


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