Oposição na Câmara da Guarda chumba nova versão do orçamento para 2024

O presidente da Câmara salientou que a situação pode colocar em causa a concretização de diversos projetos.

Os quatro vereadores da oposição na Câmara Municipal da Guarda, liderada pelo Movimento Pela Guarda, chumbaram ontem nova proposta de orçamento para 2024 e foram acusados pelo presidente do município de quererem “provocar uma crise política”.

A nova versão foi apresentada na reunião do executivo municipal realizada ontem, duas semanas depois da primeira proposta ter sido reprovada pelos três eleitos do PSD e pela vereadora do PS.

Nesse período, o presidente da Câmara realizou encontros bilaterais com os vereadores da oposição na tentativa de se chegar a um consenso.

Na sessão, os quatro vereadores chumbaram também uma proposta de revisão do orçamento de 2023.

O presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, considerou que “foi uma vergonha aquilo que fizeram” e acusou os vereadores da oposição de quererem “provocar uma crise política”.

Sérgio Costa justificou que na nova versão do orçamento foram incluídos os contributos e todos os projetos aprovados nas últimas reuniões de Câmara.

“Mas o PS e o PSD voltaram a votar contra. Este alinhamento é estranho, muito estranho”, declarou aos jornalistas, no final da reunião.

O autarca disse que “foi um episódio de desilusão com a oposição na Guarda”, que não faz só oposição ao executivo, mas que se “comporta como uma verdadeira oposição ao desenvolvimento da Guarda”.

A vereadora do PS, Adelaide Campos, disse perceber que o presidente da Câmara “fique muito arreliado pelo facto de agora ter de se submeter de uma forma mais assídua às deliberações e a uma maior discussão”.

A autarca realçou que vai ser “devolvida a palavra ao sítio onde ela deve ser dada” e disse esperar que, “em conjunto, se possam traçar estratégias”.

E se a realização de cada Assembleia Municipal custa 7.500 euros, como apontou o presidente de Câmara, a eleita socialista defendeu que está nas mãos daquele autarca travar essa despesa.

“O senhor presidente que faça uma assembleia e corrija o resto todo”, disse a vereadora aos jornalistas.

Adelaide Campos argumentou que o objetivo do PS não é provocar eleições, mas defendeu que “se não houver alternativas”, terá de acontecer.

“Não é um objetivo primário a demissão da Câmara, o objetivo é sair deste pântano em que nos encontramos”, reiterou a autarca.

Para o vereador do PSD Carlos Chaves Monteiro vai ser “inaugurada uma nova forma de gerir os destinos da Guarda”.

“Com mais ou menos assembleias, a verdade é a de que os guardenses têm de ser ouvidos”.

Garantiu que o PSD será responsável e estará ao lado do executivo sempre que “as premissas sejam bem claras”.

“Queremos discutir se há urgência, há financiamento, sustentabilidade dos projetos. Queremos participar dessa decisão”, sublinhou o eleito social-democrata aos jornalistas.

Carlos Chaves Monteiro considerou que a nova versão do orçamento “é igual na sua essência ao anterior”, não havendo por isso motivos para alterar o sentido de voto.

O autarca apontou que “nem o executivo acreditava que fosse aprovado”, porque se assim não fosse “não teria apresentado o plano B da revisão do documento de 2023”.

O presidente da Câmara salientou que a situação pode colocar em causa a concretização de diversos projetos.

Deu o exemplo da instalação do órgão de tubos da Sé, as obras para a Unidade de Emergência, Proteção e Socorro da GNR e as medidas do Plano de Revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela.


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