Nelas, Mangualde, Seia e Gouveia apresentaram ontem uma série de obras de requalificação de estradas e de estações de tratamento de água em compensação pela não-construção da barragem de Girabolhos.
“Não vou discutir a barragem, mas há uma coisa que eu sei: estes 18,2 milhões de euros estão a ser cumpridos em investimentos que, inequivocamente, fazem falta e que geram a unanimidade em face da sua necessidade”, congratulou-se o ministro do Ambiente, Pedro Matos Fernandes, que presidiu à cerimónia de apresentação das obras.
Na cerimónia que marcou o encerramento das obras nos quatro municípios do distrito de Viseu (Nelas e Mangualde) e da Guarda (Seia e Gouveia), o governante deu os parabéns aos autarcas envolvidos e à Endesa pela forma como acompanhou as obras e cumpriu os prazos de pagamento.
“Aqui as autarquias tiveram um papel excecional, no sentido de que, em face daquilo que havia, serem pragmáticos na escolha. E estamos a falar com aquilo que são os 6,4 milhões de euros patrocinados pela Endesa e aquilo que são 11,8 milhões de euros de um programa para estes municípios em específico, ou seja, aquilo que são 18,2 milhões de euros”, contabilizou.
O dinheiro foi investido numa Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) em Nelas, assim como em obras de saneamento, tal como em Mangualde e também em Seia e Gouveia, onde acrescem obras de requalificações de estradas de ligação entre freguesias e as ETAR.
“Todos honraram este compromisso, apesar de não estar no papel, e acreditem que este processo mal conduzido ou mal gerido podia ter sido de facto um grande arrufo meu em que andaríamos aqui todos às turras e quem perdia não éramos nós, eram as populações destes quatro municípios”, rematou o governante.
Na sessão de discursos, antes da visita às obras dos concelhos, que decorreu em Nelas, não faltaram elogios por parte dos autarcas à Endesa pela forma como “sempre acompanhou as obras”, pela “prontidão no pagamento prometido” e pela forma como “o Governo conduziu o processo.
“Todas as partes deram o seu contributo e não saem frustradas de um acordo de palavra e de um compromisso com bom-senso e com boa-fé que foi estabelecido entre nós. E o senhor ministro do Ambiente teve aqui um papel crucial em ser, perdoem-me a expressão, o casamenteiro de todas estas partes e de toda a convergência destes acordos”, apontou o presidente da Endesa em Portugal, Nuno Ribeiro da Silva.
Entre os agradecimentos e a apresentação da lista das obras, o presidente da Câmara de Gouveia deixou claro que também está “satisfeito, enquanto autarca, e que foram feitas obras fundamentais no concelho”, mas lamentou “a ausência da barragem”, dizendo que mantém a esperança na sua construção.
“Sou daqueles que continuo a achar que a construção era, e é, muito importante para estes territórios e mantenho a esperança de um dia vir a ser construída, seja pela empresa seja por outro qualquer grupo que queira, possa e tenha interesse em construí-la, porque precisamos de gerir a água que nos cai da chuva e isso também se faz construindo barragens”, desafiou Luís Tadeu Marques.
No entender do autarca, a construção da barragem é válida “para produzir energia, para ter água para regar os campos dos agricultores ou para abastecimento de água às populações que é a razão principal e a mais importante do abastecimento público” de água.