Professor, filósofo, escritor, critico literário e interventor cívico, Eduardo Lourenço, considerado um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa, morreu hoje em Lisboa aos 97 anos.
Numa mensagem enviada à agência Lusa, o antigo primeiro-ministro de Portugal (1995/2002) começou por referir que não esquece “a amizade com o professor Eduardo Lourenço e os seus gestos de generosa solidariedade”.
“É uma grande referência cultural e moral do nosso tempo. Toda a vida pensou Portugal, como realidade em que as raízes antigas se projetam num futuro de exigência, de abertura e de diálogo. Foi um humanista e um europeísta empenhado e crítico, preocupado com os egoísmos e a indiferença quanto à liberdade”, salientou o secretário-geral das Nações Unidas.
Na mesma mensagem, António Guterres observou ainda que Eduardo Lourenço “ensinou a importância da cidadania ativa com forte consciência da justiça social”.
“O seu patriotismo orientado para o futuro valorizou sempre as prioridades para a Educação, a Ciência e a Cultura. Muito continuaremos a dever ao seu exemplo e à sua memória”, acrescentou o antigo líder do PS entre 1992 e 2002.
Eduardo Lourenço Faria nasceu em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, distrito da Guarda, e morreu hoje, em Lisboa, aos 97 anos.
Prémio Camões e Prémio Pessoa, recebeu também o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon, o Prémio da Academia Francesa, e foi agraciado com as Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada da Ordem do Infante D. Henrique e da Ordem da Liberdade.
Foi ainda nomeado Oficial da Legião de Honra da França e consagrado doutor ?Honoris Causa’ pelas universidades do Rio de Janeiro, de Coimbra, Nova de Lisboa e de Bolonha.
Autor de mais de 40 títulos, que testemunham “um olhar inquietante sobre a realidade”, como destacaram os seus pares, tem em “Os Militares e o Poder”, “Labirinto da Saudade”, “Fernando, Rei da Nossa Baviera” e “Tempo e Poesia” algumas das suas principais obras.