“Já denunciámos a situação ao MP, esperamos agora que as autoridades de segurança se tenham mobilizado. Eu ainda não consegui falar com o presidente da câmara de Foz Côa, mas tenciono fazê-lo o quanto antes”, disse aos jornalistas, à margem da inauguração da exposição “Corpo, Abstração e Linguagem na Arte Portuguesa – Obras em depósito da Secretaria de Estado da Cultura na Coleção de Serralves”, no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves.
A Fundação Côa Parque denunciou hoje um “inqualificável” atentado contra uma das rochas do parque arqueológico na qual está representada uma figura humana com mais de 10 mil anos.
“Fomos surpreendidos com a descoberta de novíssimas gravações de uma bicicleta, um humano esquemático e a palavra ‘BIK’ diretamente sobre o conhecidíssimo conjunto de sobreposições incisas do setor esquerdo daquele painel, onde, como é universalmente sabido, está o famoso ‘Homem de Piscos’, a mais notável das representações antropomórficas paleolíticas identificadas no Vale do Côa”, disse à Lusa o diretor do parque arqueológico, António Baptista.
Questionado sobre a falta de segurança do parque, o ministro referiu que “toda a gente” se queixa de falta de vigilância, admitindo que se dissesse que está tudo bem estaria a ser “incorreto”.
“Vivemos anos de cortes brutais em todas as estruturas da Cultura, seria impossível que num ano estivesse tudo remediado”, considerou.
“Isto mostra a vantagem de termos uma nova estrutura que está praticamente pronta, a fundação está constituída, os estatutos estão aprovados, estão nomeados os representantes dos vários ministérios e, agora, vamos entrar a trabalhar muito seriamente a partir do fim deste mês”, salientou.
Com esta alteração, Luís Filipe Castro Mendes sustentou que estarão a trabalhar no terreno de “outra maneira” e com a cooperação dos trabalhadores de Foz Côa que, na sua opinião, têm tido uma “resistência notável”.
No começo de abril, o Conselho de Ministros aprovou o decreto-lei que altera os estatutos da Côa Parque – Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa, que abrange o Museu e o Parque Arqueológico.
De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, a ação do Governo é “fortalecida, passando a área da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a estar representada no conselho diretivo em estreita articulação com os representantes da Cultura, do Turismo, do Ambiente, da autarquia local e da Associação de Municípios do Vale do Côa”.
“É alargada a missão da Fundação na valorização patrimonial, científica, ambiental e turística do Vale do Côa, designadamente através do envolvimento de instituições científicas e ensino superior, imprimindo à Fundação uma nova dinâmica de atuação que permita a prossecução da sua missão de interesse público”, destacava o comunicado na altura.
Em novembro, o Governo já havia aprovado uma resolução com vista à viabilização da Côa Parque – Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa, sediada em Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda.
De acordo com um comunicado na altura, com a resolução aprovada eram autorizadas transferências para o equilíbrio de contas da fundação, de forma a assegurar o respetivo saneamento financeiro.