A Assembleia da República (AR), através da Comissão de Economia, Inovação e Obras Publicas, admitiu hoje uma petição que pretende analisar a inatividade do troço de linha férrea entre a estação do Pocinho e Barca d´ Alva.
“A petição nº 164/ XIII /1º vai agora ser discutida em plenário e seguir os seus trâmites normais”, disse à Lusa fonte ligada à Comissão Parlamentar.
Segundo o documento, a que agência Lusa teve acesso, a ideia passa por criar veículos alternativos movidos a pedal ou energias alternativas, uma vez que os comboios foram retirados de circulação daquela via que foi desativada em 1987.
António Caldas, o “único” autor do documento, explicou à Lusa, que não se trata de uma petição, mas sim de um projeto que pretende ser instalado naquela via com a criação de veículos circulantes para fins turismos.
“Em virtude da linha férrea entre o Pocinho( Foz Côa) e a Barca d´ Alva (Figueira de Castelo Rodrigo), em cerca de 28 quilómetros da sua extensão se encontrar desativada, achei que poderia avançar com o estudo para poder colocar na via material circulante alternativo ao comboio”, frisou o autor do projeto.
Para já foi criado um veículo denominado “UMP 300” movido a pedal e dimensionado para transportar até 300 quilos, estando o mesmo em testes desde 2012.
“Aguardo uma deliberação da AR, para que de forma legal os diversos veículos para fins turísticos possam circular naquela via-férrea. Todas as unidades móveis serão numeradas para poder circular. Tudo isto implica, ainda, a preservação da linha férrea desde a limpeza de taludes e conservação de outras infraestruturas “, frisou o também engenheiro civil.
A 27 de agosto de 2009 – mais de 20 anos após os comboios deixarem de circular no troço da linha do Douro entre Pocinho e Barca d’Alva – a então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, anunciou que o troço Pocinho – Barca d’ Alva iria ser reabilitado e reutilizado.
A ex-governante explicou, à data, que o troço iria ser utilizado numa primeira fase apenas por composições para turistas, mas admitiu que posteriormente fosse reatado o serviço normal. Disse mesmo que o Governo português teria garantido 25 milhões de euros para a reabilitação do troço, esperando ainda o contributo de fundos comunitários.
A linha do Douro, idealizada e construída pela comunidade portuense, nos finais do século XIX, teve como principal objetivo ligar o Porto a Salamanca e fazer chegar mercadorias à Europa.
No ano de 1986, também os espanhóis perderem a sua ligação até Barca d’ Alva, deixando para trás 19 pontes metálicas e 20 túneis, numa obra de engenharia do ferro única, construída essencialmente por portugueses, troço que foi declarado, nos anos 90, como Bem de Interesse Cultural pela autonomia de Castela e Leão.