“Apesar de tudo, o festival resistiu e continua a realizar-se. Continua também a ser a mostra do que tem sido a aposta na cultura em Portugal, porque é evidente que, sem recursos, não há ninguém que consiga fazer grandes festivais”, afirmou Rui Sena, da Quarta Parede, associação que realiza este certame há 12 anos, no distrito de Castelo Branco.
Destacando o “desinvestimento que tem sido feito na cultura” e as diferenças que ainda existem entre Litoral e Interior, Rui Sena lembrou a importância que este festival tem na criação de uma oferta cultural “diferente, diversificada e transversal”.
“Continuamos a pensar que as populações que decidiram viver no Interior têm o mesmo direito de assistir a espetáculos de qualidade, tal como quem vive em grandes cidades do país”, fundamentou.Com uma grande aposta na multidisciplinaridade, a programação do “Y – Festival de Artes Performativas” contará com espetáculos de música, dança, teatro e dança, que serão apresentados no auditório do Teatro das Beiras.
A programação arranca no dia 12, às 21h30, com o espetáculo de dança “KIN”, da autoria de David Marques. No dia 14 de novembro, às 15H30, será apresentada a peça de teatro de marionetas “O Soldadinho”, da companhia Teatro de Ferro. No mesmo dia, às 22 horas, um tributo ao guitarrista francês de origem cigana Django Reinhart, pelos Django Tributo Sexteto de Hot Jazz.
Já no dia 17, às 21H30, sobe ao placo a peça “Empresta-me um revólver até amanhã”, pela companhia Teatro do Calafrio.
No dia 19, também às 21H30, e em estreia, a reconhecida bailarina madrilena Tania Arias apresenta o espetáculo de dança e performance “Danza más, cabra”.
No dia 24, às 15 horas, a companhia Casa da Esquina leva à cena “O meu país é o que o mar não quer”, uma peça que fala da problemática da emigração jovem e que, por isso mesmo, será apresentado aos jovens das escolas secundárias do concelho. No mesmo dia, às 22:00, o TGB Trio (Sérgio Carolino, Mário Delgado e Alexandre Frazão) apresenta um espetáculo de jazz.
A fechar esta componente do programa, no dia 26 de novembro, às 21H30, estará Sofia Dinger com a “Grande Ilusão”, “performance” que apela ao universo do cineasta Jean Renoir, classificada pelo Expresso como uma das dez melhores peças de 2014.
Esta 12.ª edição do “Y – Festival de Artes Performativas” contará ainda com uma extensão denominada “Híbridos”, que decorrerá nos mês de novembro, dezembro e janeiro com um programa (sessões de literatura, cinema e música com participação gratuita), que pretende provocar a “reflexão e o debate em torno da afrodescendência em Portugal”, tema que foi escolhido em consonância com o facto de a ONU ter proclamado os anos de 2015 a 2024 como a Década Internacional dos Afrodescendentes.
O orçamento do “Y – Festival de Artes Performativas” é de 40 mil euros. Os bilhetes para os espetáculos custam cinco euros, sujeitos a descontos de 50% para menores de 25 e maiores de 65 anos, bem como para estudantes, desempregados e sócios do Teatro das Beiras.