Fábrica Dura Automotive da Guarda corta 95 postos de trabalho

A fábrica da Guarda da Dura Automotive, que produz componentes para a indústria automóvel, vai reduzir 95 postos de trabalho dos atuais 155, para “assegurar um desempenho empresarial sustentável”, foi anunciado esta quarta-feira.

A empresa refere, em comunicado enviado à agência Lusa, que informou esta quarta-feira os seus trabalhadores “da necessidade de implementar um plano de reestruturação que inclui a redução de 95 postos de trabalho, referindo-se ao trabalho indireto e direto”.

A Dura Automotive Portuguesa – Indústria de Componentes para Automóveis, Lda., explica na nota que a medida de reestruturação visa “assegurar um desempenho empresarial sustentável”.

“As ações de reestruturação são necessárias como resultado de encomendas de produção substancialmente reduzidas de clientes nacionais e internacionais”, acrescenta.

Segundo a fonte, “uma redução dos contratos de produção nos últimos 36 meses, associada ao impacto de uma quebra da indústria automóvel induzida pela covid, resultou numa redução de 65% do volume de negócios em 2021, em comparação com 2019”.

“O declínio significativo das encomendas de produção exige um plano de gestão para assegurar a sustentabilidade e o desempenho futuro da localização Dura – Guarda. Esta reestruturação permitirá à unidade da Guarda manter a competitividade necessária para sustentar as operações até ao lançamento de futuros novos projetos”, garante a empresa.

O representante da Comissão de Trabalhadores, Paulo Ferreira, disse à agência Lusa que a decisão foi recebida como “uma bomba”, embora os operários estivessem a “contar” que os despedimentos pudessem acontecer.

Pelo despedimento de um número tão elevado de trabalhadores “foi um choque um bocado grande”, mas o responsável assume que “há mais de meio ano” que os operários estavam “a trabalhar duas semanas por mês, em equipas espelho”.

“Na semana passada, saiu um comunicado da empresa a dizer que iríamos deixar de trabalhar também à sexta-feira. Ou seja, estamos a trabalhar oito dias por mês e a receber o mês inteiro. Evidentemente, isto é uma situação insustentável para a empresa, nós temos consciência disso”, reconhece.

Paulo Ferreira referiu que os trabalhadores tinham “a esperança que outra coisa acontecesse e não este desfecho”, daí que o anúncio foi recebido como “uma bomba, mas, no fundo, uma bomba relativamente previsível”.

O representante da Comissão de Trabalhadores teme pelo futuro da unidade fabril da Dura Automotive na Guarda, instalada na freguesia de Vila Cortez do Mondego, dizendo não acreditar “que a empresa seja viável com 60 pessoas”.

“Eu acho que o maior problema é que é o adiamento de uma morte anunciada”, remata.

A fábrica Dura da Guarda, que foi adquirida em 1994, emprega 155 trabalhadores e produz componentes “altamente concebidos para a indústria automóvel, incluindo uma carteira de cabos de abertura de portas, cabos de mala traseira, cabos de abertura de ‘capot’, cabos de travão, cabos de assento e ‘Shifthers’”.

Em Portugal, a Dura Automotive Systems também tem outra unidade industrial de fabricação no Carregado, onde emprega aproximadamente 200 trabalhadores.


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