O I Encontro Intermunicipal de Cantadores de Janeiras, no dia 29 de janeiro, em Carrazeda de Ansiães, dá o arranque à programação da Cidade Europeia do Vinho 2023, que inclui iniciativas “à volta do vinho” no Douro e na Europa.
“O projeto Cidade Europeia do Vinho é muito mais do que o vinho, é um território, é uma identidade”, afirmou ontem, dia 16 de janeiro, à agência Lusa o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro, Carlos Silva Santiago.
“All Around Wine, All Around Douro” é o lema da candidatura do Douro à Cidade Europeia do Vinho 2023, um galardão conquistado em junho, em Bruxelas.
O também presidente da Câmara de Sernancelhe (Viseu) explicou que o propósito da candidatura tem a ver com “tudo à volta do vinho” (all around wine) e lembrou que o território abrange as regiões produtoras do Douro e do Távora – Varosa.
“Este nosso vinho que precisa não só de promoção, mas precisa cada vez mais de valorização, porque os custos associados à produção do vinho, no Douro, são muito elevados e precisamos de o valorizar ainda mais para que o retorno seja adequado àquilo que é o sacrifício que os agricultores desta região têm”, sustentou.
Para a CIM, “esta é uma oportunidade única para promover o enoturismo, a cultura e o património” e evidenciar “o vinho como elemento estratégico e essência da atividade económica”.
O I Encontro Intermunicipal de “Cantadores de Janeiras”, que decorre no dia 29 de janeiro, em Carrazeda de Ansiães (Bragança), será o primeiro evento da Cidade Europeia do Vinho e pretende promover uma “tradição secular”.
Na iniciativa vão participar grupos de cantadores de Janeiras dos 19 municípios que integram a CIM Douro.
Segundo a organização, neste certame cada grupo cantará uma música, animada por instrumentos musicais típicos do folclore português, e haverá um ‘stand’ onde será possível degustar vinhos do Douro.
Depois, a 4 de fevereiro, em Lamego (Viseu), realizar-se-á a gala de abertura do Douro Cidade Europeia do Vinho, que Carlos Silva Santiago classificou como o “grande arranque” deste evento anual.
“Este é um projeto que vai muito para lá das fronteiras de Portugal. Temos muitas iniciativas ao longo de todo o ano, algumas delas são iniciativas que os municípios já levavam a cabo, iniciativas de grande envergadura e de grande promoção de cada um dos concelhos”, referiu o autarca.
Haverá, apontou, “dois a três” eventos de “grande dimensão” em cada município, onde o “vinho estará sempre associado”, como, por exemplo, a Feira da Maça em Armamar, a Expodemo de Moimenta da Beira ou a feira dos Vinhos e Sabores dos Altos em Alijó.
A programação incluirá eventos obrigatórios no âmbito da Cidade Europeia do Vinho, eventos novos promovidos pelas CIM e ainda outras iniciativas realizadas pelos municípios, mas que terão o “chapéu” da Cidade Europeia do Vinho 2023.
Em breve será lançada uma aplicação (app) com toda a programação já delineada, mas que estará em atualização contínua com as atividades que se realizarão à volta do vinho e do Douro.
O Douro irá ainda marcar presença em eventos nacionais, como a Feira Nacional de Agricultura (Santarém), ou internacionais, como a Feira de Turismo Internacional (FITUR), que decorre esta semana, em Madrid (Espanha).
“Pelo menos três, quatro dias por mês estaremos muito presentes na zona de desembarque do Aeroporto Sá Carneiro [Porto] e temos muitas ações também em toda a Europa, nomeadamente nas principais capitais europeias, onde faremos a promoção dos nossos vinhos, dos nossos produtos, com a participação de enólogos e ‘chefs’ portugueses, envolvendo as instituições portuguesas espalhadas pela Europa fora”, acrescentou o presidente.
O que se pretende é, frisou, “colocar o território na Europa, colocá-lo no mundo e esperar que esse mundo visite o Douro de forma mais acentuada” este ano.
A candidatura teve como propósito, precisamente, “abrir o Douro ao mundo”.
A CIM Douro compreende concelhos de quatro distritos, designadamente Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Murça, Penedono, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Coa e Vila Real.
A Cidade Europeia do Vinho é um concurso anual lançado pela Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN), em 2012, e tem como objetivo a promoção turística e a divulgação das regiões europeias produtoras de vinho, tendo um caráter rotativo entre os diversos países que fazem parte da rede.
Aranda de Duero (Espanha) foi a Cidade Europeia do Vinho 2020, mas devido à situação de pandemia de covid-19, este título foi alargado até 2022.