Doceira de 70 anos é a única de Pinhel a fazer as tradicionais cavacas com receita conventual

Maria da Conceição Dias, de 70 anos, é a única doceira de Pinhel que confeciona as tradicionais cavacas com base numa receita com centenas de anos que pertenceu às freiras Clarissas que residiram naquela cidade.

A mulher contou à agência Lusa que faz há mais de 30 anos os doces típicos de Pinhel, no distrito da Guarda, a partir da receita das freiras da Ordem de Santa Clara [Clarissas], que chegou à sua posse por intermédio de uma tia.

“Desde que a minha tia me ensinou, comecei a fazê-las [as cavacas] e nunca mais parei”, disse, assegurando que vê cavacas em muitos lados, mas não são como as suas.

Os bolos tradicionais que saem das mãos da doceira são feitos com ovos frescos, farinha e açúcar e um preparado “que é segredo”.

“Há uma pequena coisa para terem este sucesso, é um pequeno segredo”, justificou, garantindo que o mesmo continuará a ser guardado pela sua família.

As cavacas são feitas a partir de uma pequena forma e, uma vez no forno, a massa cresce e forma uma espécie de pinha que depois é “pintada” com um preparado branco de claras pasteurizadas.

O processo de confeção de cada fornada leva mais de duas horas, começando com a mistura dos ingredientes e terminando com a “pintura” dos bolos.

Maria da Conceição Dias assegura que o doce típico que produz de forma artesanal pode ser comido “por qualquer criança, sem problema, porque não leva fermento nem aditivos, é tudo 100% natural”.

“É um doce que a gente come, sente-se bem com ele”, disse, afirmando que as crianças o podem comer porque “não tem ingrediente nenhum que faça mal”.

É “um doce de confiança”.

No processo de confeção dos bolos conta com a ajuda do marido, que é “fundamental”, prestando colaboração nas pesagens dos ingredientes, na colocação e retirada dos tabuleiros no forno.

“Sou o homem dos pesos, porque a receita das cavacas tem de ter um peso muito certinho, porque senão já não ficam como é preciso”, disse Francisco Dias, de 73 anos.

O homem também faz o preparado branco para “pintar” as cavacas e acompanha a mulher nas feiras onde comercializam os bolos.

As cavacas podem ser compradas na unidade de produção, no parque industrial de Pinhel, em feiras e no Posto de Turismo daquela cidade.

Segundo Maria da Conceição Dias, as pessoas que provam as suas cavacas de tamanho gigante “ficam fãs”.

A doceira também tem apostado na inovação e, por encomenda, faz cavacas “mais pequenas recheadas com doces de ovos”.

A Câmara Municipal de Pinhel, para além de comercializar as cavacas no Posto de Turismo, tem-nas promovido nos vários eventos nacionais e internacionais onde tem participado.

“As cavacas são deliciosas. É algo que vale a pena provar”, disse à Lusa o presidente da autarquia, Rui Ventura.

O autarca garante que o bolo típico produzido pela doceira Maria da Conceição Dias já é, a par do vinho, um produto embaixador do seu concelho.

“Eu espero que tenha muito sucesso. Cá estaremos na Câmara Municipal de Pinhel para ajudarmos naquilo que pudermos”, concluiu.


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