Deputada do PSD questiona Governo sobre consequências desastrosas ao nível da viticultura em Pinhel

A deputada Ângela Guerra questionou o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural sobre recentes anomalias climatéricas que afetaram a região de Pinhel, nomeadamente a nível do setor vinícola.

Numa carta dirigida ao Ministério da Agricultura, a direção da Adega Cooperativa de Pinhel questionou sobre as recentes anomalias climatéricas, que afetaram a região de Pinhel e determinaram consequências desastrosas ao nível da viticultura. 

O tempo “frio e chuvoso” dos meses de maio e junho “retardou o abrolhamento da vinha, o excesso de humidade contribuiu para o desenvolvimento de vários focos de míldio na região, que de forma anormal resistiu a vários tratamentos, independentemente dos produtos fitossanitários utilizados”, justificação que se pôde ler no documento enviado ao Ministério.

A Adega Cooperativa de Pinhel acrescentou ainda que “os viticultores desta região, por norma tratam muito bem a vinha, pois ela é uma das principais fontes produtivas do concelho, em termos de agrícolas e a par do azeite, os únicos produtos comercializáveis. Assim, com muito tratamentos, conseguimos em muitas situações minimizar os prejuízos, até que apareceu a vaga de calor que varreu o país de norte a sul”, destacando que em Pinhel registaram-se temperaturas muito acima do normal, havendo lugares que atingiram os 45 graus.

Esta situação climatérica que se fez sentir criou “ uma conjuntura muito diferente do normal para a região, com elevados prejuízos”  embora sejam difíceis de quantificar, a deputada do PSD afirma que “ se devem aproximar dos 50% valor passível de verificação na declaração de produção que todos os anos a adega entrega ao IVV”.

No ano de 2016, a produção da adega superou 16.000.000 de quilos e, este ano, prevê-se uma produção a rondar os 8.000.000 de quilos.

O documento refere ainda que grande parte dos associados terão feito o seguro de colheitas ao nível das coberturas base, nomeadamente geada, granizo e tromba de água, no entanto, o escaldão é uma cobertura adicional que poucos terão contratualizado, pois tem um elevado custo. Os associados explicam que “a vinha na região não tem um rendimento que permita aos agricultores suportar um custo de seguro com coberturas adicionais, porquanto o preço é muito elevado, sendo que a cobertura base e adicionais superam os 10% do rendimento bruto da vinha”.

Os associados solicitam “apoio por parte do Ministério para que esta grave situação possa ser minorada, requerendo ainda que se possam desenvolver todos os procedimentos no sentido de acionar o fundo de calamidades para esta região.”

O Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, em nota enviada à comunicação social, informou que “ está a acompanhar esta situação, para a qual dispõe já de mecanismos de apoio”, esclarecendo ainda que “ financia um sistema de seguros de colheitas agrícolas, no qual se incluem os seguros vitícolas de colheitas (subsidiados a 80% no caso de seguros a título coletivo e a 75% de seguros a título individual), com um montante anual de 3.5 milhões de euros”.  

O mesmo documento refere ainda que os seguros de colheita estão disponíveis para todos os agricultores, sendo “cofinanciados pelo Estado num montante anual global de 11.5 milhões de euros”.

Ângela Guerra, deputada do PSD, aguarda que o Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural responda a algumas questões pertinentes, relativamente a outras medidas de apoio que poderão ser agilizadas, uma vez que o Fundo de Calamidades não é aplicável, por estar coberto pelo sistema de seguros. A segunda questão prende-se com as grandes perdas quase absolutas que a Adega refere irem ocorrer a uma grande percentagem de agricultores que dependem na exclusividade deste rendimento, se não haverá outra medida a ser equacionada nesta situação e, qual é a estimativa de perda ao nível da região que o Ministério faz desta situação e como é que isso determina em termos económicos no valor acrescentado para a região.


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