Autarca de Foz Côa "indignado" com o tempo previsto para a reativação da Linha do Douro

João Paulo Sousa avançou ainda “que não se sabe onde se vão buscar a verbas para a requalificação deste troço da linha do Douro”.

O presidente da Câmara de Foz Côa, no distrito da Guarda, mostrou-se ontem “indignado” com o tempo previsto pelo Governo para a reativação da Linha do Douro entre o Pocinho e Barca d’ Alva.

“Este estudo e o projeto de execução vão demorar seis anos, o que é muito tempo para a requalificação desta linha [férrea]. Esta situação deixa-me completamente indignado, porque isto é sinal de que mais uma vez o Governo não dá prioridade ao interior”, disse à Lusa João Paulo Sousa.

Para o autarca, esta é uma forma de o Governo dizer que vai concretizar o projeto de requalificação da linha férrea entre o Pocinho (Foz Côa) e Barca d’ Alva (Figueira de Castelo Rodrigo), mais vai sempre “empurrando com barriga para a frente”.

“Esta falta de celeridade, só vem demonstrar que não há vontade em resolver o problema desta ligação ferroviária” acrescentou o autarca social-democrata.

Através de uma portaria publicada na terça-feira, em Diário da República, o Governo autorizou a Infraestruturas de Portugal (IP) a proceder à repartição de encargos relativos ao contrato para a “Linha do Douro – Pocinho – Barca d’Alva – Estudo Prévio + Projeto de Execução” e especificou que o procedimento tem um preço base de 4,2 milhões de euros (mais IVA à taxa legal em vigor) e que a repartição da despesa será feita entre 2024 e 2029.

Após autorização por parte do Governo, a IP pode avançar com o concurso público com vista à elaboração do estudo prévio e projeto de execução do projeto de reativação de 28 quilómetros entre as estações do Pocinho e Barca d’Alva.

João Paulo Sousa avançou ainda “que não se sabe onde se vão buscar a verbas para a requalificação deste troço da linha do Douro”.

“Eu não acredito neste momento que a reabertura do troço de via-férrea entre o Pocinho e a Barca d’ Alva seja uma realidade nos próximos 15 anos. Há muita leviandade por parte do Governo neste anúncio [estudo prévio mais projeto de execução]”.

A reabertura deste troço é reclamada na região há vários anos e em maio de 2021 foi constituído um grupo para estudar a viabilidade da reabertura deste traço de linha transfronteiriço.

A Infraestrutura de Portugal (IP) avançava em abril de 2022 que os estudos de viabilidade técnica e ambiental da reabertura do troço Pocinho – Barca d’Alva, na Linha do Douro, estavam concluídos e seriam entregues ao grupo de trabalho sobre o tema.

A Linha Ferroviária do Douro atualmente liga o Porto ao Pocinho (171,522 quilómetros). O troço desta linha que liga a Estação do Pocinho à de Barca d’Alva foi desativado em 1988 e tem uma extensão de 28 quilómetros.

Em outubro, o ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos anunciou, em Freixo de Espada à Cinta, distrito de Bragança, a reativação daquele troço, concretizando que, durante o primeiro trimestre de 2023, seria lançado o concurso público para a elaboração do estudo prévio e do projeto.


Conteúdo Recomendado