Os representantes sindicais dos trabalhadores da Fundação Côa Parque (FCP) exigiram na sexta-feira à tutela a contratação de mais pessoal, com vínculos seguros que garantam a continuidade das suas tarefas e a dignidade de quem trabalha na instituição.
“Como sempre defendemos, [queremos] a cada posto de trabalho permanente um contrato efetivo”, disse à Lusa André Santos, delegado do Sindicato em Funções Públicas e Sociais da Região Centro (SFPSRC), adiantando que a greve nacional da função pública marcada para sexta-feira “fechou” o Museu do Côa, “o que já não acontecia há muitos anos”.
O sindicalista referiu que a decisão de exigir à tutela a contratação de mais pessoal foi tomada em plenário de trabalhadores, que decorreu no dia 15 de novembro na FCP, no distrito da Guarda.
Para André Santos, esta necessidade de contratação é “uma exceção tão mais gritante quando, no momento em que é anunciada a contratação de 74 vigilantes para a área do Património Cultural, três deles saem do Côa, encontrando-se outros três na lista do pré desemprego, que deverá ocorrer, se nada for feito, em meados do ano que vem”.
“Com foi antecipado no comunicado de 31 de março, três guias e três assistentes operacionais foram dispensados entre setembro e novembro do corrente ano, não lhes tendo sido assegurado um vínculo laboral mais seguro, tal como lhes havia sido prometido, e só lamentamos a imoralidade de uma situação que ‘premiava’ desta forma três anos de dedicação da parte destes colegas, como os problemas que iria acarretar para a Fundação”, vincou o sindicato em nota enviada à Lusa.
De acordo com aquele sindicato filiado na CGTP, “neste momento, a falta de pessoal na FCP coloca em causa a segurança e manutenção dos núcleos de arte rupestre, que voltam a não ter ninguém que assegure a sua vigilância, facilitando a ocorrência de novos atos de vandalismo, como os que se verificaram na rocha 2 da Ribeira de Piscos em abril de 2017”.
Outra das preocupações manifestadas passa pela qualidade de vida dos guias, cujas escalas os obrigam, por vezes, a terem meia hora de almoço.
“A título de exemplo, refira-se que o corpo de guias chegou a ser formado por 16 trabalhadores. Agora, pese as tarefas se terem multiplicado, são sete, um deles com contrato precário”, frisou André Santos.
Em 3 julho, em visita ao museu, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, referiu que a situação dos “precários” na função pública é um assunto “preocupante, mas vai ter resposta”, “nomeadamente nas fundações” do setor.
A falta de recursos humanos em museus e monumentos nacionais, “tendo em conta a pressão turística”, foi igualmente reconhecida na altura por Pedro Adão e Silva, que prometeu “um esforço” para responder a essa “necessidade crescente”, nos próximos orçamentos.
“O tema dos vínculos precários, no contexto do perímetro da função pública, nomeadamente nas fundações, é um tema que me preocupa e que, na verdade, também tem tido resposta, em articulação com o Ministério da Finanças, e a situação tem vindo a ser resolvida em diálogo com cada uma das fundações, e o Côa não será uma exceção”, indicou à data o governante.
De acordo com Pedro Adão e Silva, “todos os trabalhadores que têm direito à integração, têm sido integrados”. “E, na Fundação do Côa, acontecerá o mesmo, e no que fará sentido, tal como aconteceu noutras fundações”.