Reformado guia turistas pelas ruas de Melo e pelos locais associados a Vergílio Ferreira

Um homem reformado faz há 17 anos, com “muito gosto”, visitas guiadas gratuitas pelos monumentos e pelos locais da aldeia de Melo, no concelho de Gouveia, que estão associados ao escritor Vergílio Ferreira.

Após a morte de Vergílio Ferreira, a 01 de março de 1996, aquela aldeia passou a ser muito visitada e Luís Filipe Gonçalves, de 75 anos, investigador histórico autodidata, decidiu acompanhar os turistas pelas ruas e pelos locais associados ao escritor que ali nasceu em 28 de janeiro de 1916.

Sempre que dá conta de turistas sem guia, o reformado do ramo automóvel que não conheceu pessoalmente o autor de “Manhã Submersa” desempenha o papel de cicerone e explica aos visitantes os cantos e os recantos daquela localidade da Serra da Estrela.

Luís Filipe Gonçalves contou à agência Lusa que as visitas guiadas, com a duração aproximada de duas horas, começam e terminam no Largo do Chão do Paço, dedicado ao escritor, onde existem referências à vida e à obra e o “Recanto de Leitura”.

O périplo passa depois pela casa onde nasceu Vergílio Ferreira, pela capela de Nossa Senhora da Conceição (estilo renascentista), pela antiga Casa da Câmara e Pelourinho (século XVI), pelo edifício da antiga escola primária (frequentada pelo escritor), pela capela da Misericórdia (monumento do século XVI, onde o escritor aprendeu a tocar violino) e pelo antigo paço (imóvel classificado, dos séculos XIII e XIV).

A viagem integra também passagem pela igreja matriz (onde Vergílio Ferreira foi batizado), pela antiga casa dos pais, pela casa das tias do escritor e, se os visitantes solicitarem, pelo cemitério onde repousam os seus restos mortais.

“Essa volta que faço é sempre com muito gosto, para que as pessoas levem daqui uma informação mais detalhada”, justificou.

Ao longo dos últimos 17 anos, o cicerone garante que já acompanhou “uns milhares largos” de pessoas, do país e do estrangeiro, que procuram Melo devido a Vergílio Ferreira.

Luís Filipe Gonçalves referiu que a média anual de visitas já foi de 500 a 600, mas “atualmente anda por volta das 100”, pelo facto de as obras do escritor não serem estudadas nas escolas.

“Foi pena terem tirado [as obras de] Vergílio Ferreira dos liceus”, disse o homem, garantindo que essa é a razão para a localidade de Melo “ter menos visitas”.

No entanto, o guia de turistas acredita que ao longo deste ano o panorama possa mudar, tendo em conta as comemorações do nascimento do centenário do escritor que são promovidas pela Câmara Municipal de Gouveia.

O reformado faz um balanço positivo da sua atuação como guia e garante que no final de cada visita as pessoas lhe dizem que partem “mais ricas” do ponto de vista do conhecimento.

A atividade de Luís Filipe Gonçalves é valorizada pela esposa, que tem “orgulho” no que ele faz pela terra.

Maria Margarida contou à Lusa que o marido desempenha aquele papel “com gosto” e que, por vezes, chega a almoçar tardiamente para poder guiar os turistas pelas ruas da aldeia de Melo.


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