“A inovação tecnológica e a indústria 4.0 que se faz em Portugal têm de se orientar, de forma transversal, para a reutilização”, defendeu o académico, considerando que o país precisa de “mais engenharia” para cumprir os compromissos assinados com a Comissão Europeia.
Em declarações à agência Lusa, Mário Velindro considera que o país não vai conseguir criar 36 mil empregos diretos e a incorporação de 86% de resíduos na economia até 2030, como já acordado, “se não introduzir mais engenharia, mais inovação tecnológica e melhor logística nos novos negócios de reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e de energia”.
Para o presidente do ISEC, o Governo “tem de apostar fortemente e investir nesta área da recolha, reparação, reutilização e na sensibilização”.
“Vamos passar de uma economia linear para uma economia circular e o que acontece é que depois não há um entrosamento entre os diversos atores nesta matéria, porque há questões como a recolha dos resíduos e a reparação para incorporar os equipamentos que avariam novamente no mercado”, salientou.
Segundo Mário Velindro, a maioria dos equipamentos estão feitos de maneira a não poderem ser recuperados, por estarem “blindados”, e deu como exemplo uma simples varinha trituradora, “pelo que a engenharia tem uma palavra muito forte e tem a obrigação de ajudar a alterar este estado de coisas”.
“Esta prioridade é política, naturalmente, mas tem também de ser empresarial. Tem de começar logo no ensino superior, que é onde são formados os futuros quadros das empresas”, referiu o presidente do ISEC, reiterando que é preciso apoiar a economia circular desde o fabrico ao consumo, passando pela reparação, pela gestão de resíduos e pela reintrodução de matérias-primas secundárias na economia.
De acordo com o responsável, os setores prioritários são os plásticos, matérias-primas críticas, construção-demolição, desperdícios alimentares e biomassa.
Para debater estas questões, a ISEC promove na quinta-feira à tarde a conferência “Economia Circular – Uma visão para o futuro”, com a participação de líderes da indústria, da banca e do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), iniciativa que será encerrada pelo ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes.
Os principais oradores são o ex-ministro Carlos Borrego, da Universidade de Aveiro, a secretária-geral do Ministério do Ambiente, Alexandra Ferreira de Carvalho, o diretor técnico do Grupo Preceram, José Ávila e Sousa, e o chefe do departamento de Políticas de Empresa do IAPMEI, António Oliveira.