Polo Museológico "Vilar Formoso Fronteira da Paz - Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes" já foi inaugurado

Marcelo Rebelo de Sousa diz que museu em Vilar Formoso dedicado aos refugiados lembra valores fundamentais.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse no passado sábado, que o museu de Vilar Formoso, em Almeida, dedicado aos refugiados e a Aristides de Sousa Mendes é importante para os valores fundamentais das pessoas.

O chefe de Estado presidiu à cerimónia de inauguração do Polo Museológico “Vilar Formoso Fronteira da Paz – Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes”, construído junto da estação de caminho-de-ferro de Vilar Formoso.

“É um museu que é uma chamada de atenção constante para que não nos esqueçamos, não nos resignemos, não nos demitamos da nossa luta por valores fundamentais da pessoa humana. Foi com Aristides de Sousa Mendes. Tem de ser com muitos, muitos mais hoje e no futuro. É a lição deste museu “, afirmou.

Disse que, por isso, o Presidente da República estava em Vilar Formoso “para agradecer a Almeida, para agradecer a Vilar Formoso, para agradecer àquelas e àqueles que puseram de pé este projeto, o significado, o simbolismo deste projeto”.

“Não nos podemos esquecer, não nos vamos esquecer. A dignidade da pessoa humana triunfará”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa no seu discurso, proferido no exterior do edifício e escutado, entre outros, por antigos refugiados e seus familiares e familiares de Aristides de Sousa Mendes.

Entre os dias 17 e 19 de junho de 1940, Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus, assinou 30 mil vistos para salvar pessoas do holocausto nazi, contrariando as ordens do Governo de Salazar, situação que o levaria à expulsão da carreira diplomática. Muitos desses refugiados entraram em Portugal pela fronteira de Vilar Formoso.

Na sua alocução, o chefe de Estado aludiu ainda aos atentados contra vidas e contra os direitos das pessoas, alertando que “há o risco de consideramos isso habitual, de considerarmos normal o desrespeito da dignidade das pessoas, de banalizarmos esse horror”.

“E, pouco a pouco, há o risco de ficarmos insensíveis, ou seja, desumanos. E não podemos ficar desumanos. A nossa luta deve ser pela dignidade da pessoa humana. A nossa luta deve ser pelos direitos das pessoas de carne e osso. A nossa luta deve ser pela paz e pela concórdia e pela aceitação do outro. A nossa luta deve ser pela solidariedade”, afirmou.

O Presidente da República admitiu que “é uma luta difícil”, porque “os meios do terror são cada vez mais sofisticados, porque os atentados contra pessoas são cada vez mais numerosos”.

“Mas, por isso a nossa capacidade de esperar e de lutar tem de ser também maior”, declarou.

O projeto do museu, criado pelo Município de Almeida, custou cerca de 1,2 milhões de euros, ocupa dois antigos armazéns da Infraestruturas de Portugal, antiga Refer, e está integrado na Rede de Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad.

Nos dois antigos pavilhões da estação ferroviária foram instalados seis núcleos expositivos relacionados com as temáticas “Gente como nós”, “Início do pesadelo”, “A viagem”, “Vilar Formoso fronteira da paz”, “Por terras de Portugal” e “A partida”.

O projeto foi apoiado pelo Estado Português e pelo EEA Grants “2009-2014”, um mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA) através do qual a Noruega, Islândia e o Liechtenstein financiam diversas áreas prioritárias de ação junto dos países beneficiários do Fundo de Coesão da União Europeia.

O autarca de Almeida, António Baptista Ribeiro, espera que o novo equipamento cultural “possa servir de exemplo àqueles que o visitam” e que “seja catalisador de um desenvolvimento sustentável” para Vilar Formoso.


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