“Queremos mostrar ao Presidente da República que também tem de ser nosso embaixador nesta luta. É esse o desafio que lhe queremos colocar: ser nosso embaixador nesta luta que temos feito, sobre a A23 e a A25, com a sociedade civil, empresas, sindicatos e comissões de utentes”, afirmou à agência Lusa Luís Veiga, do Movimento de Empresários pela Subsistência do Interior.
Este responsável, que falava minutos antes de arrancar para a estrada a quarta marcha lenta de protesto contra as portagens, que se realizou na cidade do Fundão, explicou que a Plataforma tem um pedido de audiência feito recentemente ao Presidente da República e que espera, a qualquer momento, que Marcelo Rebelo de Sousa os receba.
Sublinhou ainda que, neste momento, a “grande preocupação” da Plataforma é a total ausência de respostas por parte do Governo às reivindicações que têm feito e que passam pela redução gradual do preço das portagens, entre outras.
Luís Veiga fala mesmo em práticas anticompetitivas e diz que um custo de contexto retira competitividade às empresas que estão instaladas no interior.
“Como é que o Governo vai explicar que vai pagar 15 mil milhões de euros de rendas até 2040 às concessionárias [das Scut]. Como é que o Governo vai explicar isso, quando podia neste momento pagar tudo antecipadamente, e pagar só cinco mil milhões de euros e poupar 10 mil milhões de euros. Estamos a falar de um valor enorme”, sustentou.
Além disso, explica que o modelo de exploração destas Scut tem encargos enormes.
“O encargo é 30% das receitas, quando falamos de 100 milhões de euros em média, por ano, das portagens destas Scut”, disse.
Este responsável pergunta como é que alguém pode circular na região Centro sem pagar portagens e adianta que é inconcebível, nomeadamente nas regiões de fronteira que têm um PIB [Produto Interno Bruto] per capita dos mais baixos da União Europeia, uma densidade muito pequena e têm um despovoamento contínuo e acelerado.
“Isto vai levar a que, segundo estudos recentes feitos no âmbito de um projeto do Interreg, 20% das pessoas desaparecem nos próximos 20 anos. Com menos 20% das pessoas que temos atualmente é inviável realizar qualquer negócio nesta região”, concluiu.
A Plataforma de Entendimento para a Reposição das Scut na A23 e A25 integra sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda, nomeadamente a Associação Empresarial da Beira Baixa, a União de Sindicatos de Castelo Branco, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, o Movimento de Empresários pela Subsistência pelo Interior, a Associação Empresarial da Região da Guarda, a Comissão de Utentes da A25 e a União de Sindicatos da Guarda.