Pais, crianças e professores da Guarda pedem manutenção de escolas

Algumas dezenas de pais, crianças, professores, sindicalistas e autarcas protestaram ontem na praça do município, na Guarda, contra o encerramento de 13 escolas, em cinco concelhos do distrito da Guarda, previsto pelo Ministério da Educação.

No ano letivo de 2014/2015 o Ministério da Educação e Ciência pretende fechar cinco escolas no concelho de Guarda (Rapoula, Cubo, Rio Diz, Rochoso e Vila Fernando) e igual número no município de Celorico da Beira (Açores, Cortiçô da Serra, Ratoeira, Fornotelheiro e Estação) e um estabelecimento de ensino nos concelhos de Aguiar da Beira (Penaverde), Manteigas (Sameiro) e Sabugal (Santo Estevão).

No protesto, organizado pelo Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), que teve como mote “Escola fechada – povoação apagada”, foi aprovada uma carta aberta, a enviar ao Presidente da República, à Presidente da Assembleia da República, ao primeiro-ministro e ao ministro da Educação onde é pedida a manutenção de todas as escolas.

“Não são muitas as escolas que o Ministério da Educação pretende encerrar no distrito da Guarda, mas são todas elas muito importantes para as crianças que as frequentam e para as populações e localidades em que se inserem”, disse à agência Lusa Sofia Monteiro, dirigente do SPRC.

Segundo a responsável, cada escola no distrito “funciona como um precioso instrumento de combate à desertificação” sendo “fator de incentivo à fixação de jovens casais” e de “renovação das gerações através do aumento da natalidade”.

Margarida Prata, mãe de duas crianças da aldeia de Sameiro, Manteigas, que no próximo ano letivo vão ficar sem escola na terra, está contra a medida do Governo pelo facto de os filhos “terem que ir estudar para Manteigas”.

“A nossa escola tem todas as condições e os meus filhos, ao irem para Manteigas, a seis quilómetros de distância, vão ficar o dia todo fora de casa”, alertou.

O presidente da Junta de Freguesia de Sameiro, Joaquim Biscaia, disse à Lusa que a escola local, apesar de ter poucos alunos matriculados, tem “todas as condições” para continuar a funcionar.

“O número podia beneficiar crianças que vivem em espaços desfavorecidos. Quanto menos são mais hipótese têm de ter uma boa educação”, alertou o autarca.

Algumas crianças presentes no protesto exibiam cartazes com as mensagens: “Sameiro com a escola em função anima a população. Demita-se o ministro da Educação”, “Escola sim, desertificação não” e “Vou ter de emigrar”.

No protesto também estiveram elementos da estrutura distrital do Bloco de Esquerda (BE) da Guarda que ontem deu início a uma campanha intitulada “Não fechem o país – sem escolas não há futuro”, que consta da colocação de faixas nas escolas primárias a encerrar no distrito.

A primeira faixa foi colocada na escola do Rio Diz, no concelho da Guarda, onde, segundo o BE, estão “inscritas 21 crianças, limite estabelecido pelo Governo para viabilizar a manutenção” dos estabelecimentos de ensino.


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