Os dois partidos que estão na oposição na Câmara Municipal da Guarda consideraram hoje, dia 10 de novembro, que “falta visão” e “existe uma clara falta de dimensão de política nas várias áreas” do executivo liderado pelo independente Sérgio Costa.
“Tristemente, falta visão e, falta, acima de tudo, um rumo claro a este executivo para conduzir o futuro do concelho, levando-o a bom porto. Contudo, espero, sempre, do fundo do meu coração, que não o conduza para o abismo. Assim, tudo farei, enquanto vereador, agora na oposição, para que tal não aconteça”, referiu à agência Lusa o ex-presidente e vereador do PSD, Carlos Chaves Monteiro, no balanço do primeiro ano do mandato autárquico de Sérgio Costa.
Por sua vez, o vereador socialista Luís Couto, referiu à Lusa que “há, da parte da vereação da oposição, um desconhecimento da estratégia que o executivo pretende implementar, desconhece-se o pensamento, as ações que se pretendem promover para assegurar o bom futuro deste concelho”, e “existe uma clara falta de dimensão de política nas várias áreas, da habitação, do espaço urbano, da inovação, da digitalização”.
O presidente da autarquia, ex-líder da concelhia do PSD, que entre outubro de 2013 e março de 2020 fez parte do executivo como eleito pelo PSD, e posteriormente passou a vereador sem pelouros e liderou a candidatura do Movimento Pela Guarda (PG), conquistou a presidência do município ao social-democrata Carlos Chaves Monteiro, que em abril de 2019 substituiu Álvaro Amaro, quando este foi para o Parlamento Europeu.
O novo executivo municipal liderado pelo autarca independente tomou posse no dia 16 de outubro de 2021.
Um ano após a tomada de posse, o vereador Carlos Chaves Monteiro (PSD), num depoimento por escrito enviado à Lusa, fez o balanço do trabalho feito por Sérgio Costa e, sobre o grau de independência dos membros do movimento, disse que é “frágil e quase ilusória”, lembrando que “muitos deles são antigos militantes do PSD” e o líder, agora presidente, “foi corresponsável pela direção política e executiva do município ao longo de dois mandatos”.
Depois de recordar que, de 2019 a 2021, o executivo que liderou defendeu e lançou a concretização de vários projetos “que não devem ser esquecidos”, um ano depois do ato eleitoral perguntou: “Quais são as ideias e os projetos lançados, ou em fase de concretização, que estão a galvanizar o concelho? Quais são os que demonstram a dinâmica e a vontade deste executivo em recuperar o tempo perdido, que se ganhou, em parte, nos últimos oito anos, com exceção deste último? Nenhum!”.
“Estamos sem rumo e atolados num amorfismo confrangedor. A esperança num futuro melhor tem, agora, pés de barro, podendo esboroar-se num curto espaço de tempo”, afirmou.
Para o PSD, Sérgio Costa “não tem discernimento para aproveitar o que de bom que veio de trás e para o concretizar”.
“Com este executivo, no ano de 2022, pouco ou nada aconteceu além dos berros de retórica política de vitimização, de um presidente coitadinho que ‘chegou agora’ e que responsabilidade nenhuma tem sobre a obra do passado”, disse.
O atual executivo camarário “coloca problemas onde não existem e, enquanto isso, não apresenta novas soluções para os novos problemas do concelho”, acrescentou.
O social-democrata referiu que “está suspensa a Guarda pujante e ambiciosa, a Guarda capaz de superar as suas dificuldades e determinada a conquistar o seu legítimo lugar de destaque na região e no país”.
“Passado um ano, cremos ser tempo de, de uma forma clara e sustentada, todos os que formamos o concelho da Guarda e o queremos afirmar, conhecermos como se propõe este executivo cumprir aquilo que prometeu aos munícipes”, referiu à Lusa o vereador socialista Luís Couto.
O autarca, num depoimento por escrito, colocou várias interrogações: “Questionamo-nos sobre qual o plano existente para a renovação do centro histórico? O que vai ser feito para atrair os chamados nómadas digitais? O que se pretende fazer para atrair e fixar pessoas no concelho da Guarda? Que planos existem para se avaliarem os projetos de instalação de empresas no concelho da Guarda, a fiscalidade existente sobre os munícipes, as tarifas dos consumos de água e energia, a mobilidade no concelho e, finalmente, o lançamento e execução de novos projetos?”.
Na opinião do vereador do PS, “ao longo deste ano de trabalho foi possível perceber a preocupação do executivo na aproximação e resolução de problemas da população do concelho da Guarda”.
“Constatamos que há vontade em resolver situações do passado, em ultrapassar entropias existentes, nomeadamente ao nível da orgânica da Câmara Municipal da Guarda, que dificultam as respostas atempadas aos pedidos de avaliação de projetos e outros problemas que os munícipes colocam ao município. No entanto, essa vontade não se traduz na resolução eficaz das situações, pois as decisões governativas parecem ser geradas por impulso e não decorrer de uma estratégia clara e eficiente”, expôs.
O atual executivo municipal da Guarda é composto por três eleitos do PG (Sérgio Costa, Amélia Fernandes e Diana Monteiro), três do PSD (Carlos Chaves Monteiro, Lucília Monteiro e Vítor Amaral) e um do PS (Luís Couto).