Com o objetivo de adequar a oferta de formação às falhas detetadas nas empresas, a associação presidida por Pedro Tavares desafiou o Instituto Politécnico da Guarda a avançar com cursos de “reciclagem” de profissionais em diversas áreas. O dirigente avisa que está para ser lançada em breve uma lei que obriga as empresas a darem formação aos seus funcionários e que, para fazer face a essa situação, o NERGA está a preparar um dossier técnico-pedagógico para «entrarmos nas empresas nossas associadas e fazermos o levantamento de todas as necessidades de formação». O passo seguinte é «organizar internamente em cada empresa um dossier de formação interna, onde será registada toda a formação ali dada», isto porque, «muitas vezes, é dada formação diária e empiricamente aos trabalhadores mas, ao não ser registada, não é considerada formação e queremos evitar esse problema. Ensinar alguém é considerado formação desde que a empresa tenha o dossier organizado e tome nota desse tipo de formação», salienta Pedro Tavares. O empresário considera que este é «um passo muito grande» e «extremamente importante» para as empresas que, hoje em dia, não é feito, pelo que o NERGA vai começar a fazê-lo junto dos seus associados.
«Há muitas empresas que dão formação mas que não a registam e estão fora dos compromissos legais quando podiam estar dentro e o NERGA vai ajudar muito nisso», adianta o dirigente. De resto, com este procedimento, o anexo C do Relatório Único ficará automaticamente preenchido em termos informáticos. Quando o levantamento de necessidades de formação nas empresas estiver concluído, a associação empresarial aponta duas opções. A primeira passa por, através da informação técnica recolhida, juntar colaboradores de diversas empresas para fazer turmas de formandos que receberão formação específica, que «pode ou não ser financiada», por parte do Instituto de Emprego e Formação Profissional ou do IPG. Mais abrangente é o «repto» lançado ao IPG para avançar com «cursos técnicos de requalificação de ativos nas empresas», em que, por exemplo, um engenheiro mecânico, «depois dessa requalificação, passará a ter um curso na área da engenharia informática». «É um desafio que o IPG está a estudar para podermos juntar várias pessoas interessadas num “upgrade” ao seu curso para ver se todos conseguimos melhorar a qualidade dos nossos ativos», sublinha Pedro Tavares.
O presidente do NERGA estima que o levantamento de necessidades formativas possa ficar concluído «até ao final de setembro» e, caso o repto seja aceite pelo IPG, «só para o próximo ano é que estaríamos em condições de avançar». O responsável considera que tem sido dado «imensa formação avulsa que tem inclusivamente criado desemprego», mostrando-se «bastante crítico em relação a um certo ciclo vicioso que põe na rua sempre os mesmos tipos de curso». Na sua opinião, esta situação está «errada», sendo necessário «rever a oferta formativa», pois «tem que começar a haver uma interligação das empresas com as próprias escolas», defendendo que «há um fosso de informação muito grande». Pedro Tavares indica que o NERGA tem «apostado muito» na formação das empresas e dos seus ativos, revelando que no último programa desenvolvido, o “Move: Formação/Ação” – em que a associação empresarial deu formação específica dentro das empresas –, foram abrangidos 686 ativos de 104 micro e pequenas empresas do distrito da Guarda.