O protocolo vai colocar no terreno o projeto desenvolvido pelo agrupamento sobre o mel de ericáceas que venceu o primeiro prémio Ilídio Pinho de ciência na escola.
“Promover no meio escolar a utilização do mel nas ementas do refeitório e bufete e substituir, progressivamente o uso do açúcar pelo uso do mel, este protocolo permite ainda investigar com as instituições superiores os benefícios do mel e sensibilizar a comunidade educativa para esses benefícios”, explica Cândida Brito, directora do agrupamento de escolas Gardunha e Xisto.
A produção de mel em Portugal atinge os 12 milhões de quilos por ano. O setor tem vindo a crescer mas agora é preciso valorizar a fileira, com organização e adoção de marcas, associando o mel ao território. Ideia partilhada por todos no XV Fórum Nacional de Apicultura que decorreu no passado fim-de-semana no Fundão. Manuel Gonçalves, presidente da Federação Nacional de Apicultura, diz que é preciso acabar com a venda de mel a granel “o que estamos a fazer é o mais fácil, nós neste momento, com a escassez de mel que há na Europa, extraímos o mel, ligamos a bomba a um depósito que já está em cima do camião e ele vai embora e a mais valia fica nos intermediários e distribuidores. Nós não podemos continuar no dinheiro fácil e rápido”.
Paulo Fernandes, presidente da câmara do Fundão, deixou a cereja como exemplo daquilo que é possível fazer pela valorização de uma fileira “uma marca e alguma organização agregada fez com que este ano se batesse o recorde do preço pago ao produtor, nós estivemos muito próximos dos 2 euros por quilo na componente da cereja que é um preço extraordinário nunca antes alcançado, porque temos uma marca, porque a valorizamos, a protegemos e porque vamos consolidando aquilo que é alguma organização no setor”.
Uma organização que, segundo a diretora regional de agricultura e pescas do Centro, vai ser majorada no novo Plano de Desenvolvimento Regional que vai entrar em vigor a 15 de novembro “o novo PDR vai diferenciar positivamente aquilo que for a candidatura de uma pessoa ligada a uma organização de produtores, apoiando de forma diferenciada quem se quer organizar, quem quer ir em conjunto, quem quer ter uma estratégia”.
Para o presidente da federação nacional de apicultores, que representa 84% dos apicultores do país, não basta incentivar a organização de produtores é necessário também adequar o acesso à banca à realidade “hoje numa organização de produtores, os dirigentes dão o aval pessoal para ir ao bando com juro altíssimo, hoje custa mais ir ao banco do que a margem de lucro que tem o produto. Por exemplo nós temos um juro que andará na ordem dos 12% para ser modesto, as organizações de produtores da Europa têm juros de 2%, para compra de produto aos agricultores, agora veja a capacidade de intervenção que eles têm e esse é que o problema do mel, no nosso caso, mas de outros produtos agrícolas, um problema de estratégia política.”