Município de Seia evoca este mês a vida e a obra de Avelino Cunhal

O município de Seia, através da Biblioteca Municipal, vai promover, este mês, vários momentos evocativos da vida e obra do artista e escritor senense Avelino Cunhal, pai do antigo líder do PCP Álvaro Cunhal.

Segundo a autarquia, o programa comemorativo inclui a realização de duas exposições, umas jornadas e a reedição do livro “Senalonga”.

A fonte refere, em comunicado hoje enviado à agência Lusa, que o primeiro momento das comemorações integra a realização da exposição itinerante “16 Bibliotecas, 16 Autores”.

A mostra, que apresenta Avelino Cunhal no universo das bibliotecas da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), estará patente na Praça do Município de Seia, entre sábado e o dia 05 de fevereiro.

“Em memória do senense, pai de Álvaro Cunhal, e pela relevância cultural e informativa, o município vai reeditar o livro ‘Senalonga’, obra escrita por Avelino Cunhal, com ilustrações de Miguel Flávio”, acrescenta.

A reedição do livro será apresentada no dia 22, às 1600, seguindo-se a abertura da exposição “Avelino Cunhal, um Artista do Neorealismo”, na Biblioteca Municipal de Seia, que ficarhá patente ao público até 01 de março.

O livro “Senalonga: pequenas histórias de uma vila em 1900”, foi editado em 1965.

“O romance, de estilo satírico, merece atenta análise pelo novo que essa escrita imprime na desmontagem de uma realidade rural, que era tudo menos plácida e ingénua. A mordacidade cósmica da escrita de Avelino Cunhal denuncia, em ‘Senalonga’, com desarmante humor, os peralvilhos, os oportunistas e os demagogos de todos os quilates. O conto sobre a inauguração de um urinol público é paradigma dessa argúcia”, lê-se na nota.

No âmbito do programa comemorativo, no dia 29 de janeiro, o Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE) acolhe as II Jornadas da Associação Patrimónios da Estrela, que serão dedicadas a Avelino Cunhal.

Avelino Henriques da Costa Cunhal nasceu em Seia, a 28 de outubro de 1887, e faleceu em Lisboa, a 19 de fevereiro de 1966.

O município de Seia lembra que o pai de Álvaro Cunhal se formou em direito e foi administrador do Concelho de Seia (1917) e Governador Civil do Distrito da Guarda (1922).

“Em 1924 foi para Lisboa, onde exerceu advocacia, destacando-se como advogado nos tribunais fascistas na defesa de inúmeros presos políticos, acusados pela ditadura de crimes de subversão contra o regime”, relata.

Avelino Cunhal foi também colaborador das revistas Vértice, Seara Nova e O Diabo e dramaturgo, tendo escrito várias peças neorrealistas, sob o pseudónimo de Pedro Serôdio.

“Os seus trabalhos tinham claras intenções de intervenção social, pelo que foram alvo de censura, por vezes com a própria detenção do autor”, conclui.


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