Município da Guarda emite parecer desfavorável para a prospeção de lítio

O Município da Guarda emitiu um parecer desfavorável ao Relatório de Avaliação Ambiental Preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio naquele concelho, que está em consulta pública, disse hoje à Lusa o presidente.

O presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa (movimento Pela Guarda), explicou à Lusa que emitiu um parecer desfavorável, porque o projeto prevê a prospeção em “dois terços do concelho e em 31 das 43 freguesias”.

“Da forma brejeira como foi lançado pode ter consequências ao nível do nosso património cultural e arqueológico muito valioso do nosso concelho e nas linhas freáticas, na paisagem, na pecuária e na nossa pequena agricultura”, afirmou Sérgio Costa, realçando que nenhuma destas vertentes está protegida no projeto.

Numa nota de imprensa enviada à Lusa, assinada pela deputada municipal Bárbara Xavier, o Bloco de Esquerda da Guarda congratulou-se pela “tomada de posição desfavorável do executivo municipal da Guarda em relação ao Relatório de Avaliação Ambiental Preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio”.

“Aproveitamos para parabenizar todos os movimentos, associações e civis que responderam à consulta pública e que todos os dias lutam por um concelho da Guarda e um interior” para os seus residentes”, referiu a deputada.

Bárbara Xavier acrescentou que o BE apresentará “uma proposta semelhante na próxima Assembleia Municipal com a confiança de que a posição será unânime e igualmente desfavorável”.

“Não é possível que a saúde das populações residentes e a biodiversidade sejam protegidas de alguma forma que não seja a completa oposição a este programa e à forma como foi conduzido”, apontou o BE da Guarda.

O BE salientou que se opõe a qualquer uma das propostas apresentadas para a exploração de lítio e explicou que enviou um conjunto de questões ao Município da Guarda para saber qual a posição oficial que a entidade tem sobre a temática e se já tomou posição na consulta pública que está a decorrer.

No comunicado assinado por Bárbara Xavier, que é eleita na Assembleia Municipal da Guarda, é ainda salientado que os conceitos como “fixar pessoas no interior” ou “valorizar o território” e “desenvolver a Guarda” têm de se cumprir todos os dias e que a Guarda é também “o seu ar, solo, as suas rochas, as suas matas, rios e respetivos afluentes”.

“O concelho da Guarda tem o privilégio de ser percorrido por cinco rios, composto por um solo fértil, uma paisagem de montanha de perder de vista e um ar com um índice de pureza e qualidade que lhe valeu primeiramente o sanatório Sousa Martins e mais recentemente a classificação de ‘Cidade Bioclimática Ibérica’. Podemos e devemos usufruir dos recursos naturais que a nossa região nos proporciona, investindo em projetos que valorizem o território a curto e longo prazo”, apontou, salientando que esses projetos não passam pela exploração mineira.


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