O julgamento está marcado para as 09h00, no Tribunal de Foz Côa, indica a plataforma que concentra informação sobre o sistema judicial português.
Os factos remontam ao dia 25 de abril 2017 e foram denunciados no dia 28 pela Fundação Côa Parque, que gere o PAVC e o Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, distrito da Guarda, e o Ministério Publico (MP) imputou aos dois arguidos o crime de “prática de dano qualificado, punível com pena de prisão de dois a oito anos”,
O MP deduziu “pedido de indemnização cível, em representação do Estado, reclamando o pagamento de valores de reparação das rochas e perda de receitas que ascende a 125 mil euros”, indicava a 10 de dezembro de 2019 a página oficial da Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra.
Segundo contou à Lusa um representante da Fundação Côa Parque, na altura do sucedido, “um grupo de ciclistas amadores fez um passeio de BTT com início em Vila Nova de Foz Côa e passagem no núcleo de arte rupestre da Ribeira de Piscos, um dos mais importantes núcleos arqueológicos da Arte do Côa, onde foi feita a inscrição “BIK” numa dos painéis de gravuras.
Na ocasião, a Polícia Judiciária (PJ) anunciava ter identificado dois homens suspeitos do vandalismo de que foi alvo uma gravura do PAVC, sítio arqueológico da ribeira de Priscos.
Segundo aquela polícia, os suspeitos foram considerados “responsáveis pela produção de dois desenhos e uma inscrição sobre o Painel Central de Arte Rupestre da Ribeira de Piscos, vulgarmente conhecido pela representação do ‘Homem de Piscos’, classificado como monumento nacional e como património mundial pela UNESCO”.
Os dois suspeitos, na altura com 25 e 30 anos, foram constituídos arguidos e interrogados nessa qualidade.
Confessaram “a autoria dos referidos desenhos e inscrição legendária, os quais, segundo parecer técnico especializado, terão danificado de forma irremediável aquele património mundial de arte rupestre localizado em Portugal”, indicava a nota emitida pela PJ.
Fonte da PJ adiantou à Lusa, à data da investigação, que os homens, residentes em Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, eram suspeitos da prática de “um crime de dano qualificado”.
Esta situação levou a reforço das medidas de segurança no PAVC, com algumas forças políticas a pedirem esclarecimentos sobre o sucedido ao então ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes.
Os arqueólogos do PAVC garantiram que se trata de um conjunto de gravuras que sobreviveram intactas mais de 10.000 anos e que foram “miseravelmente mutiladas pela ignorância de alguém”.