“Este conjunto de 272 manifestações de religiosidade popular que acontecem em 90 dias integram a primeira candidatura que Portugal faz com esta classificação à UNESCO”, afirmou o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto.
Idanha-a-Nova reúne um conjunto de práticas e de expressões religiosas no ciclo da Páscoa, que contempla 272 manifestações de religiosidade diferentes nas 17 freguesias do concelho e que decorrem durante cerca de 90 dias, desde a quarta-feira de cinzas ao domingo de Pentecostes.
O autarca sublinhou que a formalização do pedido de inscrição dos ‘Mistérios da Páscoa’ em Idanha na lista das melhores práticas da UNESCO é um processo de todos os idanhenses que ao longo dos anos têm sabido preservar e transmitir estas tradições populares.
“Esta é a riqueza deste processo, independentemente do desfecho ser positivo ou negativo. Estes 272 eventos estão cá e vão cá estar daqui a 100 anos. Daí a importância do trabalho que fizemos sobre as nossas tradições. Temos uma comunidade que se orgulha da sua terra, das suas gentes, da sua cultura”, frisou.
Os ‘Mistérios da Páscoa 2018’ vão ter como atenção especial a vila de Idanha-a-Nova e o Sábado de Aleluia, dia em que a comunidade se junta na Igreja Matriz a partir das 21h00 e canta o hino da aleluia e em que os avós oferecem apitos aos netos.
“Idanha-a-Nova preserva esta tradição muito simbólica. O hino anuncia a ressurreição de Cristo. No nosso concelho nada é feito só para aquele dia ou para teatralizar. São vivências de um povo”, explica o autor da recolha e calendarização da agenda dos ‘Mistérios da Páscoa’, António Catana.
Já o pároco da vila, Adelino Lourenço, disse que é preciso perceber e escutar de onde vêm estas tradições.
“Quem sabe são os homens e as mulheres que durante anos viveram essas tradições. E quem as quiser perceber tem que perder muito tempo a ouvir as pessoas”, disse.
Pároco em Idanha-a-Nova há 45 anos, Adelino Lourenço alertou para o perigo destas tradições de religiosidade popular se perderem e adiantou que uma vez que os idanhenses têm tido muito valor em segurar e diagnosticar as suas tradições, a hora é de “falar alto”.
“Nós, idanhenses, temos que ter muito cuidado na forma como tratamos as nossas tradições. O que há é a fé de um povo e é preciso tratá-la com muito respeito”, concluiu.