Guarda: Bastonário da Ordem dos Médicos pede “bom senso” a sindicatos e Governo

Carlos Cortes

O bastonário da Ordem dos Médicos apelou hoje para “bom senso” entre os sindicatos médicos e o Governo e pediu um “diálogo equilibrado” para a conclusão de negociações, porque “a saúde não espera por eleições nem pode demitir-se”.

“O que eu peço é que haja bom senso e que esta situação, este impasse, se resolva rapidamente a bem do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a bem dos médicos e das suas condições de trabalho e, sobretudo, a bem dos doentes”, disse Carlos Cortes em declarações a jornalistas antes de uma reunião com o presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde da Guarda, João Barranca.

À saída do encontro da Guarda, e referindo-se à reunião desta quarta-feira com o ministro da Saúde, o bastonário afirmou: “Já estou numa fase em que não me contento com sinais, não me contento com palavras. Eu quero é ação. Eu quero que as decisões, ou as intenções, se concretizem”.

“Aquilo que estou a fazer é um apelo ao consenso, um apelo à responsabilidade. Estamos a viver um momento dramático do Serviço Nacional de Saúde (SNS), está nas mãos, neste momento, do Ministério da Saúde, do Governo, das negociações para travarmos um momento particularmente difícil do SNS”, apontou.

Neste sentido, reforçou que “neste momento, está tudo nas mãos do Ministério da Saúde” que, no seu entender, “tem de prosseguir com as negociações e tem que pôr um ponto final para que dê condições para o SNS ter efetivamente uma resposta adequada para os seus doentes”.

O bastonário assumiu também que “ninguém aguenta 18 meses de negociações, ninguém aguenta nem mais uma semana de negociações” e, por isso, defendeu que “têm de se sentar à mesa rapidamente e resolver esta questão”.

Questionado sobre a crise política que o país atravessa e a capacidade do Governo de tomar decisões com eleições em março de 2024, Carlos Cortes foi categórico: “o Governo está a prazo, mas a saúde não pode estar a prazo”.

E acrescentou que “este Governo é obrigado, por uma questão ética, de ética política, de dar uma resposta imediata a uma dificuldade no país que não pode estar dependente de eleições”.

Carlos Cortes admitiu que, na reunião com o ministro, apelou “a um grande sentido de responsabilidade”, uma vez que “toda a gente está a ver” que a saúde está “a entrar numa situação muito grave, muito complexa, com impacto extremamente negativo para os cuidados de saúde e para as pessoas” nomeadamente com a chegada do inverno.

“Temos de parar com estas posições extremadas, tem de haver um equilíbrio, o Ministério da Saúde tem de negociar com os sindicatos médicos e tem de se encontrar aqui um ponto de equilíbrio, para definitivamente voltarmos à normalidade do país”, pediu.

O bastonário disse que “há um conjunto de aspetos que já foram definidos, tanto pela Ordem dos Médicos como pelos sindicatos dos médicos, de dificuldades em termos de condições de trabalho, há condições que têm de ser dadas aos médicos”.

“Sinceramente, faço um apelo ao bom senso, um apelo à responsabilidade, um apelo à defesa do SNS. Não se pode prolongar mais este momento que o país está a viver, não se pode prolongar mais estas negociações, tem de se dar uma resposta imediata, tem de haver um consenso”, rematou.

Lembrando que “à Ordem (dos Médicos) compete defender os cuidados de saúde”, Carlos Cortes disse que “a Saúde não pode demitir-se, a saúde não pode estar em suspenso até dia 10 de março, as doenças não vão parar e há doentes, há pessoas que vão necessitar de cuidados de saúde, que estão a necessitar de cuidados de saúde”.

“Esta situação que está a acontecer no país, as graves dificuldades que o SNS enfrenta, têm de ser rapidamente resolvidas. Não vejo nenhuma alternativa a não ser os sindicatos médicos juntarem-se novamente em negociações com o Governo”, defendeu.

Carlos Cortes acrescentou que quando fala em Governo fala em “Ministério da Saúde, se é que é o Ministério da Saúde que está a decidir estas questões”, mas, sublinhou, “tem de haver uma resolução deste grave problema que o país está a atravessar”.

“Tem de ser um diálogo mais equilibrado e temos de chegar rapidamente a um desfecho, que só pode ser um desfecho em benefício do SNS, em benefício dos seus profissionais e, obviamente, e sobretudo, dos doentes”, rematou.


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