Gibraltar abre nova “guerra” entre Londres e Madrid

A decisão de Gibraltar de erguer barreiras em águas territoriais espanholas levou Madrid a tomar medidas retaliatórias.O aumento contínuo das tensões na fronteira entre a Espanha e Gibraltar está a gerar preocupação em Londres e Bruxelas, que temem um regresso dos bloqueios fronteiriços da era de Franco. “Estou seriamente preocupado com a situação”, afirmou aos […]

A decisão de Gibraltar de erguer barreiras em águas territoriais espanholas levou Madrid a tomar medidas retaliatórias.O aumento contínuo das tensões na fronteira entre a Espanha e Gibraltar está a gerar preocupação em Londres e Bruxelas, que temem um regresso dos bloqueios fronteiriços da era de Franco. “Estou seriamente preocupado com a situação”, afirmou aos media o primeiro-ministro britânico David Cameron, que se queixou de não ter sido “oficialmente informado” da decisão do executivo espanhol de aumentar, no domingo, os controlos fronteiriços em torno da colónia britânica. O governo de Londres já avisou, entretanto, que está disposto a “usar todas as medidas necessárias para preservar a soberania britânica” sobre o território, tendo pedido explicações ao governo de Mariano Rajoy.
No domingo à noite, a Espanha interditou os voos aéreos para Gibraltar, ao mesmo tempo que impôs maiores controlos fronteiriços – que estão a causar filas de duas horas para entrar e sair do território – e passou a exigir o pagamento de uma taxa de passagem de 50 euros. Segundo o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel García-Margallo, as medidas devem-se a um “aumento suspeito” de tabaco contrabandeado ao território espanhol. “Estamos apenas a aplicar a legislação espanhola e comunitária em matéria de luta contra o contrabando e a fraude fiscal”, disse. Mas os analistas notam que a atitude espanhola prende-se com o facto do governo de Gibraltar ter vindo a erguer uma barreira de betão nas águas em torno do porto local, de modo a impedir os navios pesqueiros espanhóis de operarem na área, uma decisão mal recebida em Madrid, que considera as águas como pertencentes à sua zona económica exclusiva. A Comissão Europeia já declarou que a Espanha tem o direito de aplicar controlos fronteiriços, uma vez que Gibraltar não pertence ao espaço Schengen, mas pediu que estas sejam “proporcionais”. O executivo europeu adiantou ainda que se vai reunir após o Verão para estudar a disputa. Já o governo gibraltino classificou a decisão espanhola como digna de todo o tipo de ditaduras, tendo classificado as declarações de Margallo como “ameaças retrógradas, claramente reminiscentes das tácticas do regime fascista de Franco “, enquanto o governador local, o Vice-almirante Adrian James Johns, comparou as medidas espanholas às que seriam tomadas pelo “regime comunista da Coreia do Norte”.


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